A 3ª etapa da
Volta a Espanha 2025 acabou em surpresa e drama, com
David Gaudu (Groupama-FDJ) a bater a dupla dinamarquesa
Mads Pedersen (Lidl-Trek) e Jonas Vingegaard (Team Visma | Lease a Bike) na curta mas dura subida final até Mondovì. O francês lançou um ataque explosivo na última curva, aproveitando o espaço pelo interior para conquistar a sua primeira vitória da edição. Enquanto o triunfo era celebrado pela FDJ,
Chris Horner, antigo vencedor da Vuelta, analisava no seu podcast os erros que abriram caminho ao sucesso de Gaudu.
"Esta etapa era perfeita para Pedersen"
Logo desde o início, Horner apontou que o perfil favorecia claramente Pedersen: 2,4 km de subida final, com rampas a 7% no último quilómetro, terreno ideal para um sprinter com capacidade em terrenos duros. "Esta era uma etapa perfeita para um ciclista clássico como Mads Pedersen", afirmou. O dinamarquês, que chega à Vuelta depois de um Giro triunfal com quatro vitórias e a conquista da camisola por pontos, era visto como o favorito natural se a
Lidl-Trek conseguisse levá-lo protegido até aos últimos 200 metros.
A fuga de Sean Quinn, Patrick Gamper, Alessandro Verre e Luca van Boven nunca preocupou demasiado o pelotão. A Lidl-Trek controlou o ritmo, mas Horner não gostou do excesso de protagonismo da equipa americana: "Entraram demasiado na frente. Já no dia anterior tinham deixado Ciccone isolado. Arriscaram-se a repetir o erro, tornando a corrida demasiado dura e rápida".
A subida final: erros da Lidl-Trek e da INEOS abriram a porta
Para Horner, os problemas começaram quando a INEOS Grenadiers apostou cedo demais com Ben Turner a lançar Filippo Ganna. "Ben Turner... ele não sabe como fazer uma saída correta. Está em pânico, a olhar para a esquerda, para a direita e para o centro, o que é um mau plano", criticou. O ataque esticou o grupo e favoreceu o terreno de Vingegaard, endurecendo a corrida.
Já na fase decisiva, a Lidl-Trek voltou a expor Pedersen. "Ciccone pode recuar e fazer uma jogada inteligente. Em vez disso, dá tudo e arrasta o Mads demasiado para a frente", explicou Horner. Isso obrigou Pedersen a abrir o sprint antes do tempo ideal, reduzindo a sua explosividade final.
Foi aí que surgiu o golpe decisivo de Gaudu. "A 65 metros do fim... David Gaudu passa por Jonas Vingegaard e Mads Pedersen por dentro. Ele consegue o espaço e ganha", descreveu Horner. O francês aproveitou o erro de posicionamento dos rivais, especialmente de Vingegaard, que admitiu depois ter sido surpreendido. Horner foi taxativo: "Proteges sempre o interior da curva ou vais ser sempre derrotado, especialmente se recuares quando o Gaudu não está a recuar".
"A Lidl-Trek correu a etapa mal"
Para o ex-campeão da Vuelta, o tema central não foi apenas o brilhantismo de Gaudu, mas a repetição dos erros táticos da Lidl-Trek. "Cometeram exatamente o mesmo erro da segunda etapa: entraram na frente demasiado cedo e explodiram demasiado cedo, deixando o sprinter isolado", afirmou. "Desta vez, o Mads saltou demasiado longe. O Jonas e o Gaudu seguiram-no na perfeição e o Gaudu levou a vitória".
Ainda assim, Horner destacou o trabalho da Groupama-FDJ, em especial de Stefan Küng, que protegeu Gaudu durante todo o dia e permitiu ao francês guardar energias para o golpe final. "Parabéns, David Gaudu. A FDJ fez um trabalho fantástico. Ele saltou no momento perfeito", disse.
A terceira etapa demonstrou como pequenas decisões podem alterar o rumo de uma corrida de três semanas. Pedersen tinha as pernas, Vingegaard a consistência em subida, mas foi Gaudu quem mostrou instinto e frieza no momento certo. Como concluiu Horner: "Esta era uma etapa para Pedersen, mas a Lidl-Trek correu-a mal. E quando se faz uma corrida errada, um ciclista como Gaudu vai levar a melhor".