Aos 38 anos,
Ellen van Dijk prepara-se para colocar um ponto final numa das carreiras mais longas e bem-sucedidas do ciclismo feminino. Tricampeã mundial de contrarrelógio e com uma sólida reputação nas clássicas e na pista, a holandesa anunciou no início do verão que 2025 seria a sua última temporada.
A decisão amadureceu ao longo dos últimos meses. “Na Volta a Espanha percebi, pela primeira vez, que este já não é realmente o meu mundo. (...) Isso fez-me perceber que era altura de dizer adeus”, confessou ao Wielerflits.
Entre despedidas e desilusões
A sua participação mais recente em provas nos Países Baixos deixou-lhe sentimentos mistos. O que seria um momento de celebração transformou-se num dia de frustração. “Algumas raparigas me vieram perguntar hoje ‘Estás a gostar?’ Mas, sinceramente, hoje não gostei muito. É bom voltar a viver tudo de forma consciente, claro, mas não correu como queríamos e fiquei desiludida.”
Especialista em abanicos, Van Dijk reconhece que a vantagem que outrora a definia já não é a mesma. “Normalmente eu era muito boa quando estava vento, mas agora custa-me muito atirar-me a ele. E isso é definitivamente necessário. Isso confirma que esta é a altura certa para me retirar”, disse com humor.
Últimas dúvidas e certezas
Quando renovou contrato em 2024, fê-lo com a ideia de terminar a carreira no final de 2025. Contudo a boa forma mostrada na primavera, quando esteve entre as melhores na Volta à Flandres, na Paris-Roubaix e na Amstel Gold Race, quase a fez reconsiderar. “Nessa altura começámos a ter dúvidas de novo”, admitiu.
Ainda assim, a decisão está tomada. “Vou sentir falta de trabalhar para um objectivo, de dar tudo por tudo, de viver cada detalhe com paixão. Treinar todos os dias, pensar em tudo para estar em forma. Embora dentro de alguns meses, possa dizer que é maravilhoso não ter de o fazer mais”, comentou, rindo.
Futuro ligado ao ciclismo
Van Dijk reconhece que a transição não será simples e que terá de descobrir uma nova identidade fora do pelotão. “Ainda não sei exatamente qual o papel que irei desempenhar, mas quero tentar algo como treinadora. Comentar corridas também seria divertido. Quero experimentar coisas diferentes, porque sou ciclista há vinte anos. Ainda não sei bem quem sou sem o ciclismo.”