"Que mais queres? Agradece em vez de atacares..." Pedro Delgado ataca Juan Ayuso no podcast de Bruyneel

Ciclismo
sexta-feira, 05 setembro 2025 a 20:49
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Juan Ayuso deu uma resposta contundente na 12ª etapa da Volta a Espanha, triunfando ao sprint diante de Javier Romo (Movistar) após integrar a grande fuga do dia. A UAE Team Emirates - XRG somou assim a sua quinta vitória na corrida, num momento em que o espanhol vive dias turbulentos fora da bicicleta.
O triunfo de Ayuso nasceu numa fuga numerosa que desde cedo marcou a etapa. “Saiu um grupo enorme, com mais de 50 ciclistas. No início eram 38, e depois, no espaço de dez minutos, já eram mais de 50, praticamente metade do pelotão”, disse Johan Bruyneel no podcast The Move. Entre eles estavam Ayuso e Marc Soler, que trabalharam em sintonia até à última subida, onde Javier Romo foi o único a seguir o madrileno. Apesar de ameaçar virar o desfecho a seu favor, o ciclista da Movistar não conseguiu bater Ayuso no sprint final.
“O Romo era o único que podia ir com o Ayuso na última subida. Nos últimos dois quilómetros parecia até um pouco mais forte. O Ayuso percebeu isso e por isso apostou tudo no sprint”, explicou Spencer Martin.

Cinco vitórias, mas e a geral?

O triunfo relançou a discussão sobre a estratégia da Emirates: será possível atacar vitórias em etapas e, ao mesmo tempo, proteger João Almeida na luta pela classificação geral? Bruyneel foi taxativo:
“Podemos criticar o que quisermos, mas cinco vitórias em etapas numa Volta a Espanha, estão em segundo lugar na geral e, salvo azar, tudo indica que estarão no pódio. No Angliru, os colegas de equipa pouco ajudam. O Almeida é do tipo que precisa de impor o seu próprio ritmo e esse ritmo será demasiado forte para qualquer gregário.”
Martin, por seu lado, levantou dúvidas. “Quando vi Soler de novo na fuga, achei ridículo. O Almeida precisa de alguém que o coloque bem no início da subida. Isso é fundamental. Mas, se terminarem em segundo da geral com sete vitórias em etapas, será um sucesso? Provavelmente, sim.”
A polémica em torno de Ayuso não esmoreceu. Nas redes sociais, o espanhol agradeceu apenas a Soler pela ajuda na etapa, ignorando o resto da equipa. Um gesto que reforça a perceção de tensões internas. Pedro Delgado também deixou críticas. “Queres sair, tens contrato, e a equipa até te deixou ir para a fuga. Que mais queres? Agradece em vez de atacares o timing de um comunicado.”

O talento de Romo e a história do Angliru

A Movistar ficou novamente perto da glória. Javier Romo, ex-triatleta que só começou a competir em ciclismo em 2020, foi notável na subida e manteve Ayuso em sentido até ao sprint final. Agora, todos os olhos estão no Alto de l’Angliru, palco da 13ª etapa. Spencer Martin descreveu a dureza do perfil.
“É uma das etapas mais importantes da corrida. A subida final tem 13 km com média de 10%, e nos últimos dois terços quase tudo está acima dos 12%. Há quilómetros inteiros a 17%.”
Bruyneel lembrou ainda que foi aqui que Jonas Vingegaard se revelou ao mundo, em 2020, quando trabalhou para Roglic. “A partir desse dia sabíamos que ele tinha potencial para ser alguém grande. Aposto nele outra vez para vencer.”
Martin vê alternativas. “Eu aposto no Almeida. E atenção ao Pidcock, que é muito leve e pode ser explosivo numa subida tão dura.”
O dilema é claro: se João Almeida se aguentar sem apoio da equipa e rivalizar com Vingegaard, a estratégia da Emirates terá valido a pena. Caso contrário, as vitórias em etapas poderão ser vistas como uma distração que saiu caro, como resumiu Martin. “Talvez amanhã se prove que eles são uns génios e nós é que somos parvos.”
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