"Estes gajos são uns idiotas" Horner dispara contra a tática da Lidl-Trek na 6ª etapa da Volta a Espanha

A 6ª etapa da Volta a Espanha 2025 voltou a mostrar porque uma grande volta nunca é previsível. A UAE Team Emirates - XRG viveu emoções opostas: de um lado, a vitória autoritária de Jay Vine em Andorra; do outro, o colapso total de Juan Ayuso, que perdeu mais de 12 minutos e saiu definitivamente da luta pela geral. No seu podcast Butterfly Effect, Chris Horner analisou a etapa com a frontalidade habitual, deixando elogios claros a Vine, dúvidas sobre Vingegaard e críticas duras à Lidl-Trek.

"A sexta etapa dos últimos dois anos da Vuelta normalmente tem algo especial para nós, fãs sentados no Chesterfield", começou Horner, recordando a tradição recente. Em 2024, Ben O’Connor tinha triunfado numa jornada onde a Bora de Roglic errou na estratégia; em 2023, Sep Kuss saltou de uma fuga numerosa para a vitória. Este ano, o palco eram os 170 quilómetros até Andorra, com uma subida final de “pouco menos de 10 km, mas pouco mais de 6%” e rampas a 10 e 12% na parte decisiva.

Desde cedo, Vine era o homem a seguir. "Se Jay Vine não tivesse perdido aquele tempo nas etapas um, dois, três e quatro... poderia ser uma verdadeira ameaça na classificação geral. Mas ele está a 20 minutos atrás. Por isso, não se preocupem com ele". Essa margem deu-lhe liberdade para atacar.

As condições meteorológicas endureceram o cenário. "Entrámos cedo na chuva quando as câmaras se ligaram e vimos que havia um pouco de caos", relatou Horner, destacando a atenção de Sep Kuss na descida e a harmonia inicial da fuga de dez homens, que rapidamente alcançou seis minutos.

Na subida final, Vine jogou com inteligência. "Passou um pouco de tempo na frente, mas não muito. Mais tarde, descobrimos que havia um vento contrário. Por isso, queria poupar energia". O golpe decisivo surgiu na descida: "Ele vive aqui em Andorra, conhece muito bem a estrada. Não se pode dar espaço a um ciclista que domina a descida em piso molhado".

Atrás, a UAE dividia-se. Almeida chegou a ceder terreno, mas "Domen Novak fez um trabalho fantástico e puxou-o de volta. Isso foi crucial porque era uma descida técnica". Já Ayuso, em sentido oposto, "estava na parte de trás do pelotão antes de acabar por cair completamente. Ele vai perder mais de 12 minutos".

A hesitação no grupo perseguidor permitiu que Vine consolidasse a vantagem. "Os nove homens atrás estão a correr para uma vitória na etapa ou para a camisola vermelha. Isso cria um problema de química... não fazem o esforço necessário", explicou Horner.

O segundo lugar foi para Torstein Træen, recompensado com a camisola vermelha. "Fantástica prova para conseguir o segundo lugar. Lutou contra Armirail, Vervaeke e Fortunato. E ficou com a vermelho. Trabalho fantástico".

No grupo dos favoritos, houve ataques mas sem grandes diferenças. Horner apontou a Lidl-Trek como a equipa mais errática: "Estes gajos são uns idiotas. Se estamos a tentar ganhar a classificação geral, esta não é a forma de o fazer. Se se está a tentar conseguir um pódio, esta é uma tática perfeita". A ofensiva de Ciccone foi descrita como previsível: "Sprinta nas descidas com tudo o que tem. Vingegaard nem sai do selim. Segue-o sem problemas".

Foi então Almeida a dar a cara. "O motor a gasóleo está a furar", descreveu Horner, elogiando a gestão de ritmo do português, que reagrupou os principais nomes da geral, enquanto O’Connor ficava para trás e Bernal e Gaudu limitavam danos.

No balanço final, Horner não poupou: "Juan Ayuso perdeu muito tempo hoje, quando tudo está dito e feito. Não gosto das táticas da Lidl-Trek. Vou chamar-lhe outra vez cabeça de vento. Mas Jonas Vingegaard, estavas fantástico. Ciccone, o que estava a tentar fazer hoje? Não se pode ganhar assim".

O norte-americano deixou ainda um aviso: "Não é preciso ganhar na 6ª etapa, mas é preciso ter cuidado e não deixar que nenhum movimento de cabeça oculta se vá embora, como vimos Roglic fazer, como vimos Evenepoel fazer". E concluiu já a pensar no dia seguinte: "Jonas Vingegaard, estiveste fantástico. Mas a etapa 7 é o verdadeiro final em alto. É aí que veremos quem é que realmente tem jeito".