Dado o passado algo obscuro do ciclismo no que diz respeito a doping, haverá sempre quem questione quando um ciclista começa a dominar. Tadej Pogacar, depois da sua vitória na Volta a Itália, está agora a ser alvo de críticas por parte desses céticos.
"Vi-os nas montanhas que também subi. É espantoso o que Pogacar fez. Ele não se cansa, faz as subidas a rir", diz o ex-profissional francês e antigo colega de equipa de Laurent Fignon, Philippe Saudé, numa brutal acusação de doping ao líder da UAE Team Emirates em conversa com a RMC. "Em breve teremos de colocar fardos de palha nas subidas".
Apesar de não ter provas para sustentar estas alegações, Saude é claro no que acusa e faz questão de o dizer. "A dopagem existe desde sempre, mas os produtos que usam agora são diferentes", continua o experiente francês. "E o que vai acontecer nos próximos anos é assustador."
Na Volta a França de 2023, Jonas Vingegaard também esteve debaixo de fogo por alegações de doping depois de ter destruído o pelotão, Pogacar inclusive, num contrarrelógio individual e a Jumbo-Visma ter dominado na Volta a Espanha. Saude tem apoio nas suas alegações sobre Pogacar, se não provas, com o antigo treinador da Festina, Antoine Vayer, a chamar ao desempenho "desumano".
"Os outros melhores ciclistas do mundo têm menos 10-15% de watts e já não estão a tentar acompanhar o ritmo", diz Vayer, acrescentando lenha à fogueira das dúvidas. "Se não formos cúmplices ou intelectualmente desonestos e se formos claros, compreenderemos a extensão do engano subjacente que conhecemos demasiado bem neste desporto."
No final, Pogacar conseguiu uma vitória dominante por pouco menos de dez minutos na Volta a Itália, à frente de Daniel Martinez. Atualmente, o esloveno está a descansar antes da segunda fase da sua dobradinha em Grandes Voltas, a Volta a França deste verão.