A contratação de
Remco Evenepoel pela
Red Bull - BORA - Hansgrohe provocou ondas de choque em todo o World Tour, mas nem toda a gente está convencida de que é a decisão certa. O veterano comentador da Eurosport, Karsten Migels, acredita que a super equipa alemã pode estar a ignorar o potencial de vitória na
Volta a França da estrela local
Florian Lipowitz em favor de um nome maior.
"Penso que o Florian é mais capaz de enfrentar o Tadej Pogacar e o Jonas Vingegaard na Volta a França",
disse Migels ao Eurosport na sua análise. "Remco provou que pode ganhar uma grande volta na Vuelta, mas o Tour é uma besta diferente".
A campanha de Lipowitz em 2025, com um lugar no pódio e a camisola de melhor jovem em Paris, marcou um momento histórico para o ciclismo alemão. Mas a chegada de Evenepoel, uma das estrelas mundiais do desporto, e a presença contínua de
Primoz Roglic, ainda que numa fase descendente da carreira, criam agora um dilema de liderança na Red Bull - BORA - Hansgrohe rumo a 2026.
Cabo de guerra de liderança
Evenepoel junta-se à equipa com títulos olímpicos, várias camisolas arco-íris de contrarrelógio e uma vitória na Vuelta. Chega também com a expetativa de liderar. "Remco vem com uma certa exigência", disse o chefe de equipa Ralph Denk ao anunciar a contratação. "Ele não quer apenas pedalar, ele quer moldar a corrida".
Lipowitz juntou-se aos 2 grandes: Pogacar e Vingegaard, no pódio do Tour 2025
Essa ambição pode vir a ser feita à custa de Lipowitz, que tem sido o responsável pelas esperanças da equipa alemã na CG durante a última época. "Espero que ainda lhe dêem a oportunidade de continuar a construir o que já conseguiu", desejou Migels. "Mas com a Red Bull agora envolvida como patrocinador austríaco, pode não ser a sua principal prioridade ver Lipowitz de volta ao pódio do Tour".
Roglic, entretanto, continua a ser um fator sempre presente. Apesar de estar agora a entrar na fase final da sua carreira, o esloveno continua a ser um vencedor comprovado de Grandes Voltas com expectativas de liderar as maiores corridas. Assim, restam três ciclistas com grandes ambições e apenas um lugar indiscutível na liderança do Tour.
"Não compreendi bem a assinatura de Evenepoel"
Migels é direto na sua avaliação da chegada do belga. "Não compreendi bem a contratação", afirma. "Podiam ter-se apoiado no projeto que já tinham - Florian e os jovens ciclistas da Red Bull - BORA - hansgrohe".
Migels também sugeriu que, embora Evenepoel seja um talento formidável, a Volta a França pode não ser o sítio onde ele brilha mais. "Duvido que Remco consiga manter-se tão estável mental e fisicamente durante três semanas no Tour. Com Florian, as expectativas têm de ser realistas, claro, mas estou convencido de que ele será mais capaz do que Remco de colocar Pogacar e Vingegaard sob pressão".
Com uma nova direção nos bastidores e três líderes de Grandes Voltas numa só equipa, sem esquecer Giulio Pellizzari, 2026 poderá ser decisivo para o rumo a longo prazo da Red Bull - BORA - hansgrohe. Será que a equipa vai apoiar a sua estrela alemã em ascensão, jogar todas as fichas na sua nova contratação, ou apoiar-se mais uma vez na experiência de Roglic? Uma coisa é certa: para Migels, Lipowitz ganhou o direito de liderar. "Ele tem a capacidade de carregar a bandeira do ciclismo alemão", conclui o comentador. "Mas precisa de uma plataforma para o fazer".