Giulio Pellizzari é o portador das esperanças do ciclismo italiano - país que está desesperado por um sucessor dos vencedores das Grandes Voltas de 2010, Vincenzo Nibali e Fabio Aru. Nesse sentido, juntar-se ao forte projeto da
Red Bull - BORA - hansgrohe é certamente um passo na direção certa. Mas não será fácil perante estrelas como
Tadej Pogacar.
Quando mencionamos o esloveno que completou a dobradinha Giro-Tour este ano, Pellizzari e Pogacar têm uma história bastante interessante um com o outro. O primeiro encontro foi em 2018, mas toda a gente se lembra das cenas virais após a etapa 16 do Giro deste ano. O italiano estava a caminho da vitória na etapa até que o camisola rosa passou a voar e destruiu o sonho de Pellizzari. Sem se deixar abater pelo que acabara de acontecer, o jovem aproximou-se do esloveno após a etapa para lhe pedir os óculos cor-de-rosa, recebendo-os e ainda por cima a camisola cor-de-rosa!
"Toda aquela história dos óculos de sol com o Pogacar tornou-me ainda mais famoso do que se tivesse ganho a etapa", diz Pellizzari em tom de brincadeira no
Rouleur. Pellizzari ganhou fama no Tour de l'Avenir de 2023. Lutou com
Isaac Del Toro, futuro colega de equipa de Pogacar, nas montanhas, acabando por ficar em segundo lugar na geral. "Estive muito bem, mas como se trata de uma corrida de sub-23, nunca se sabe exatamente como se está em comparação com os profissionais", Pellizzari ainda não tinha a certeza de conseguir enfrentar os melhores do mundo.
Pogacar conquistou 6 etapas no Giro
Até que, numa manhã de janeiro, acordou e viu o mexicano com quem lutou no Avenir ganhar uma etapa do Tour Down Under: "Só me apercebi do que tinha conseguido em janeiro quando acordei uma manhã e vi que o Del Toro tinha ganho a primeira corrida WorldTour do ano e que eu estava a correr contra ele em l'Avenir. Vê-lo tão bem entre os profissionais deu-me um verdadeiro impulso para o ano."
Depois veio o Giro, o grande objetivo de Pellizzari. Mas o início não foi um conto de fadas, pois o ciclista de 20 anos esteve doente. Eventualmente, o mal-estar desapareceu na terceira semana e a forma finalmente começou a aparecer. "Na terceira semana, recuperei as minhas pernas, enfrentando as etapas de montanha com muita raiva e um forte desejo de provar o meu valor", diz ele. "Mesmo agora, quando me lembro do dia em Monte Grappa (etapa 20, terminou em sexto lugar com o grupo dos favoritos, além de Pogacar), fico arrepiado."
"Adoro dar espetáculo", diz Pellizzari com um sorriso. "Quando as minhas pernas estão bem, não consigo ficar parado. Eu ataco, tento sempre, embora por vezes devesse ser mais paciente. Ainda estou a trabalhar na finalização, devia ganhar mais, mas atacar é demasiado divertido".