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Volta a França 2025 ganhou mais um capítulo na rivalidade entre
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard esta terça-feira. A batalha aproxima-se do fim, mas os dois principais candidatos à camisola amarela protagonizaram mais um duelo memorável no Mont Ventoux, mesmo antes da decisão final nos Alpes. E foi precisamente nesta icónica subida que algo mudou na narrativa da corrida, alimentando as esperanças do dinamarquês.
Alberto Contador foi um dos primeiros a identificar esse momento. Em declarações à Eurosport, o antigo vencedor da prova observou que Pogacar não se mostrou dominante durante toda a escalada. Na realidade, limitou-se a responder aos vários ataques de Vingegaard, resistindo mais do que impondo o ritmo.
A estrela da
Team Visma | Lease a Bike forçou o líder da
UAE Team Emirates - XRG ao limite, o que o próprio Pogacar reconheceu após a chegada. Apesar de perder mais dois segundos para o esloveno no topo da montanha, Vingegaard mostrou-se satisfeito com a sua prestação e confessou ter sentido uma vitória moral. Contador não hesita em concordar:
"Há várias coisas que levantam dúvidas sobre a forma de Pogacar. A primeira é que os Emirates não controlaram finalmente a corrida para que Tadej ganhasse a etapa. Toda a gente deu como certo que seria assim, pensando em ganhar numa subida mítica como o Mont Ventoux", começou por analisar o espanhol.
De facto, Pogacar só acelerou nos metros finais, ganhando dois segundos e elevando a vantagem para 4:15. Mas o ataque ficou longe da intensidade de Hautacam.
"Depois vimos que, na frente, tanto Marc Soler como Pavel Sivakov, ou porque não podiam ou por outra razão, os Emirates não podiam lutar pela vitória com outro ciclista porque estavam no grupo de Ben Healy. A tática dos Emirados Árabes Unidos era apenas aguentar", prosseguiu Contador.
"Pogacar deu a impressão de que, quando Jonas Vingegaard começou, o dinamarquês o pressionou um pouco mais. Embora seja verdade que Jonas quase nunca se levantava e o contra-atacava sentado, parecia ter dificuldades. Além disso, quando Tadej contra-atacou, Jonas conseguiu reduzir a diferença. É por isso que compreendo a 100% porque é que Vingegaard disse que recuperou a moral para os Alpes", concluiu.
Do outro lado da análise, Patxi Vila interpretou de forma diferente a tática dos Emirates. O diretor desportivo da Red Bull - BORA - Hansgrohe sublinhou que Pogacar lidera com conforto e não tinha motivos para arriscar numa etapa como a de terça-feira:
"Se eu fosse os Emirates, teria feito o mesmo hoje. Olhando para o que está a acontecer, eles têm quatro minutos e 15 segundos de vantagem na classificação geral. Nem sequer sei quantas etapas já ganharam. A Volta a França está a ser muito dura e ainda há alguns Alpes muito exigentes", afirmou o responsável espanhol.
"Repito, se eu fosse eles, teria pensado a mesma coisa: 'Tu (Vingegaard) tens de me atacar. Se queres ganhar, vai em frente. Coloquei o Politt a puxar, coloquei dois na fuga por precaução e pronto'. Acho que eles jogaram para salvar a situação e pensar nos Alpes. Foram muito cautelosos", acrescentou.
Com a 17ª etapa desta quarta-feira a prever-se mais tranquila, com chegada ao sprint ou uma possível vitória de uma fuga numerosa, os olhos estão agora postos nos Alpes. Na 18ª etapa, o Col de la Loze será palco de mais uma batalha direta, onde Vingegaard já derrotou Pogacar em 2023. A subida final em La Plagne, na 19ª etapa, promete ser o último grande teste à liderança do esloveno.