Hushovd revela o seu “ciclista de sonho”, e não é Jonas Vingegaard!

A confirmação da promoção da Uno-X Mobility ao WorldTour marcou um momento histórico para o ciclismo escandinavo, e ninguém o viveu com mais emoção do que Thor Hushovd. Dias depois da oficialização, o antigo campeão mundial e atual diretor-geral da equipa norueguesa deixou claro que o feito representa apenas o início de uma nova e mais exigente etapa.

“Foi um domingo intenso e emotivo”, confessou ao Dagbladet. “Agora começa o verdadeiro trabalho, já estamos a preparar a próxima época e a ver como podemos reforçar ainda mais a equipa.”

A vitória de Sakarias Koller Loland na Clássica de Veneto garantiu à Uno-X os pontos decisivos para ascender ao escalão máximo, abrindo-lhe as portas de todas as Grandes Voltas, Monumentos e principais corridas do calendário internacional a partir de 2026.

O feito encerra um ciclo de crescimento sustentado e cumpre a ambição que Hushovd traçou desde o início do projeto: transformar uma equipa nascida com convites wildcard numa estrutura escandinava sólida e competitiva a tempo inteiro no WorldTour.

“A promoção é um marco enorme, mas também o início de um caminho muito mais difícil. Agora temos de mostrar que merecemos este lugar.”

Fiel à sua personalidade franca, Hushovd não fugiu ao tema das transferências e revelou a admiração que sente por um dos ciclistas mais completos do pelotão:

“Mads Pedersen é o meu ciclista de sonho”, admitiu. “Gosto da forma como ele corre, lembra-me um pouco a minha própria maneira de correr. Talvez eu esteja um pouco cego por isso”, disse, entre risos.

Ainda assim, o dirigente reconhece que as grandes contratações não estão no horizonte imediato, sublinhando que o foco continua a ser o desenvolvimento interno.

“Um Vingegaard não custaria mais do que todo o nosso orçamento”, brincou. “Temos mais de 50 ciclistas, ele não ganha assim tanto. Se algo assim acontecesse, teria de ser no momento certo.”

Os números mostram a dimensão do fosso orçamental entre a Uno-X e as principais potências do pelotão. De acordo com rumores recentes, Jonas Vingegaard aufere entre 4,3 e 5,2 milhões de euros anuais na Team Visma | Lease a Bike, enquanto Mads Pedersen ronda os 2,6 milhões de euros na Lidl-Trek, valores fora do alcance da jovem estrutura norueguesa.

“Não há dúvida de que são ciclistas que todas as equipas gostariam de ter, mas neste momento não temos orçamento para isso”, reconheceu Hushovd.

Mais do que entrar na corrida por nomes sonantes, o objetivo da Uno-X é continuar a formar talento escandinavo. O atual plantel integra 20 noruegueses e nove dinamarqueses, um equilíbrio que o diretor-geral pretende manter como traço de identidade da equipa.

“O cenário perfeito é desenvolvermos um ciclista que ganhe uma grande corrida”, explicou. “É possível comprar uma oportunidade melhor, claro, mas isso custa dinheiro. Vamos começar com o grupo que temos e ver o que é possível.”

Para Hushovd, o orgulho está tanto no percurso como na ambição. De uma equipa modesta a uma presença confirmada nas Grandes Voltas, a Uno-X tornou-se símbolo de um projeto construído com paciência e visão.

“Queremos mostrar que é possível competir ao mais alto nível mantendo as nossas raízes”, concluiu.

O futuro imediato passa por consolidar a estrutura, reforçar o apoio logístico e continuar a abrir espaço para jovens talentos da Noruega e da Dinamarca. Mas, a longo prazo, Hushovd não esconde o desejo de atrair as maiores estrelas nórdicas, talvez um dia convencer Pedersen ou Vingegaard a juntar-se à aventura.

De um projeto wildcard a uma equipa WorldTour de pleno direito, a Uno-X Mobility representa hoje o maior sonho escandinavo sobre rodas. E sob a liderança ambiciosa de Thor Hushovd, o amarelo norueguês promete continuar a crescer, com a mesma audácia que o trouxe até aqui.