INEOS reduz investimento na equipa WorldTour com entrada em cena da TotalEnergies

Ciclismo
sexta-feira, 14 novembro 2025 a 16:54
INEOS Grenadiers
A INEOS Grenadiers atravessa uma fase de transformação profunda. A entrada da TotalEnergies como patrocinador secundário em 2025 e principal a partir de 2027 marca o início de uma nova era que poderá culminar com o fim da licença britânica da equipa e, na prática, com o desaparecimento da última grande estrutura britânica do ciclismo mundial.

O declínio de um império

Durante mais de uma década, a INEOS, sucessora da Sky, simbolizou a supremacia britânica nas Grandes Voltas, com triunfos consecutivos na Volta a França por Bradley Wiggins, Chris Froome e Geraint Thomas. Mas os tempos mudaram. O ciclismo britânico, outrora referência mundial, vive agora um período de regressão acentuada.
O país conta atualmente com apenas uma equipa profissional masculina, menos do que nações com escassa tradição ciclística, como Marrocos, Roménia ou Irão. A Volta à Grã-Bretanha, principal prova do calendário nacional, reduziu-se a seis etapas, reflexo da falta de financiamento e de uma base estrutural cada vez mais frágil.
A iminente reforma de Cavendish e Thomas, e o ocaso competitivo de Froome, simbolizam o fim de uma geração dourada, e deixam um vazio que o sistema britânico não tem conseguido preencher.

Dificuldades em manter o ADN britânico

A própria INEOS tem sentido essa erosão interna. A saída de Tom Pidcock e Ethan Hayter, dois dos maiores talentos do Reino Unido, expôs o descontentamento com a gestão e a ausência de um projeto coeso para os ciclistas britânicos. Atualmente, o núcleo da equipa é cada vez mais internacional, com Carlos Rodríguez e Joshua Tarling como exceções de relevo.
Nos últimos anos, a equipa perdeu também a influência e a aura de invencibilidade que a caracterizavam até 2021. Apesar de continuar entre as formações mais poderosas do WorldTour, deixou de ser o padrão de excelência que rivalizava com o domínio atual da UAE Team Emirates - XRG e da Team Visma | Lease a Bike.

A nova era TotalEnergies

A parceria com a TotalEnergies representa, por um lado, um novo fôlego financeiro, mas, por outro, uma mudança de identidade. O acordo prevê que a petrolífera francesa cubra um terço do orçamento anual da equipa, cerca de €15 milhões, o mesmo valor que investe atualmente na sua estrutura de segunda divisão.
O orçamento total manter-se-á ligeiramente acima dos €50 milhões, sem aumento substancial, mas com uma clara redistribuição: a INEOS reduzirá o investimento direto, enquanto a TotalEnergies assume maior protagonismo.
A médio prazo, tudo indica que a equipa poderá passar a ter licença francesa, algo que, segundo o Cyclingnews, pode concretizar-se entre 2028 e 2029. Essa transição já se reflete no mercado de transferências, com as contratações do campeão francês Dorian Godon e de Kévin Vauquelin, dois símbolos da nova aposta francófona.

O regresso ao topo passa por França

A aproximação à TotalEnergies redefine a rota da equipa, de estrutura britânica dominadora para um projeto europeu de matriz francesa. A eventual chegada de Paul Seixas, o supertalento francês atualmente na Decathlon AG2R La Mondiale, reforçaria essa transição.
Com base em Nice e Mónaco, onde residem muitos dos seus ciclistas, a INEOS já opera de facto num ambiente francófono, e a integração plena na estrutura francesa parece agora um desfecho natural.
Apesar das mudanças, o futuro da equipa não está em risco. O financiamento está assegurado e o projeto mantém estabilidade. O que está em causa é a identidade, num momento em que o ciclismo britânico se afasta do topo e a França recupera espaço no coração da estrutura que um dia simbolizou o auge do ciclismo do Reino Unido.
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