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Campeonato do Mundo de Estrada da UCI em Kigali ficará na memória de
Remco Evenepoel pelos resultados: ouro no contrarrelógio (o terceiro consecutivo) e prata na corrida de estrada, apenas atrás de
Tadej Pogacar. Mas fora da estrada, a esposa do campeão belga, Oumi Rayane, partilhou sentimentos contraditórios sobre a sua estadia no Ruanda, país cuja escolha como anfitrião levantou críticas de organizações internacionais de direitos humanos.
Sucesso desportivo em cenário controverso
O Mundial de 2025 foi celebrado como histórico por ser o primeiro em solo africano. No entanto, a decisão da UCI de atribuir a organização ao Ruanda foi contestada devido ao regime autoritário do presidente Paul Kagame, acusado de usar o evento como forma de melhorar a sua imagem internacional, prática conhecida como 'sportswashing'.
Rayane não ignorou essa realidade e expressou o seu desconforto nas redes sociais. “Os meus valores são claros: sou contra todas as formas de sofrimento humano, em qualquer parte do mundo. Injustiça é injustiça. É por isso que, antes da minha viagem, fiz uma doação a uma organização que ajuda as pessoas na região afetada.”
Apoio ao marido, mas com reservas
A atleta sublinhou que a sua presença em Kigali não foi uma decisão pessoal, mas um compromisso familiar e de apoio. “A razão pela qual estou aqui não é porque escolhemos este local como ‘férias’, mas porque o Campeonato do Mundo foi organizado aqui pela UCI e eu vim para apoiar o meu marido.”
Apesar da polémica, Rayane destacou a hospitalidade que encontrou.
“Nesta viagem, encontrei pessoas amáveis, humildes e acolhedoras, mesmo em circunstâncias difíceis. O meu respeito e a minha solidariedade estão sempre com as pessoas comuns e nunca com os governos que causam sofrimento. Paz e amor.”
O testemunho de Oumi Rayane contrasta com a celebração desportiva vivida pelo marido, lembrando que o primeiro Mundial em África trouxe tanto conquistas históricas para o ciclismo como debates inevitáveis sobre o peso político de grandes eventos internacionais.