Jan Bakelants curioso para ver a abordagem de Pogacar na Liege: "Se atacar em La Redoute, mostra que continua fiel ao seu instinto ofensivo. E, se o fizer, será também a prova de que, na UAE, é ele quem toma as decisões"

Esta tarde, a Liege-Bastogne-Liege encerra as Clássicas das Ardenas e promete um duelo de alto nível entre o campeão do mundo, Tadej Pogacar, e o campeão olímpico, Remco Evenepoel. A expectativa é grande para uma nova batalha entre duas das maiores figuras do ciclismo atual, mas a questão de quem parte em vantagem continua a dividir opiniões.

Segundo Jan Bakelants, ex-profissional belga que participou 11 vezes no Monumento belga, poderá ser Evenepoel a chegar com um ligeiro ascendente psicológico, sobretudo depois da sua prestação na recente Amstel Gold Race. "Sim, ele ficou aquém na quarta-feira (na La Flèche Wallonne), mas isso deve-se à sua preparação e ao facto de ainda estar a recuperar de uma lesão", escreve Bakelants na sua coluna para o Het Laatste Nieuws. "As pessoas dizem que Evenepoel não é explosivo nas subidas, mas vi coisas dele na Vuelta que me convenceram do contrário. Ele simplesmente ainda não atingiu esse nível".

O belga aponta a subida da Côte de La Redoute como um momento crucial para o desfecho da corrida. "Se o Pogacar atacar aí, não creio que o Remco consiga segui-lo. Para mim, essa é a grande incógnita do fim de semana: o que é que Pogacar vai fazer em La Redoute – vai atacar ou não?", questiona Bakelants.

Recordando a Amstel Gold Race, onde Pogacar atacou de longe mas acabou neutralizado, Bakelants acredita que a UAE Team Emirates - XRG poderá adotar uma postura mais prudente este domingo, consciente das capacidades de perseguição de Evenepoel. "Se Pogacar atacar em La Redoute, terá de percorrer sozinho a longa distância até à meta, o que poderá permitir a Evenepoel recuperar o atraso, sozinho ou com apoio", analisa. "O segmento entre La Redoute e Roche-aux-Faucons é longo e favorece mais Evenepoel. Há a Côte des Forges pelo caminho, mas é uma subida mais regular. Atualmente, Evenepoel é mais vulnerável nas rampas explosivas".

Bakelants também especula sobre possíveis alterações na abordagem táctica de Pogacar: "Talvez ele tenha aprendido algo com a Amstel – que nem sempre é sensato atacar demasiado cedo. Talvez desta vez espere até Roche-aux-Faucons. Mas será que ele quer isso? Será que Amstel o fez refletir? Ou continuará a preferir dar espetáculo?"

O antigo ciclista conclui com uma reflexão interessante: "Se Pogacar esperar, será um sinal de que Evenepoel o impressionou e que respeita a ameaça. Se atacar em La Redoute, mostra que continua fiel ao seu instinto ofensivo. E, se o fizer, será também a prova de que, na UAE, é ele quem toma as decisões. Estou muito curioso para ver qual a versão que teremos".