João Almeida em discurso direto: "O meu objetivo sempre foi sair de Portugal o mais rápido possível. Há muito caos"

João Almeida está há 4 anos no pelotão do World Tour. Entrou a todo o gás no seu ano de estreia, quando participou pela primeira vez num Grand Tour, a Volta a Itália, envergando a camisola de líder durante 15 dias.

No ano seguinte todos se questionaram se ele poderia voltar a fazer igual e ele conseguiu. É certo que teve um dia mau logo no inicio da prova e depois perdeu tempo numa outra etapa onde teve de levantar o pé para ajudar Remco Evenepoel, que acabaria por desistir mais tarde, e acabando o jovem português por terminar o Giro num magnifico sexto lugar na classificação geral, o que atraíu olhares de outras equipas, com a UAE- Team Emirates a ganhar a dianteira e contratá-lo por cinco anos conforme se pode ler numa entrevista recente à roleur.cc " Depois do meu primeiro ano eu tinha dúvidas se seria um corredor de CG. No ano seguinte as coisas correram bem novamente, apesar de um dia mau que faz parte do jogo às vezes, e aí eu pude sentir que sim, eu realmente era um corredor de Grandes Voltas"

Nas duas primeiras temporadas com a equipa da UAE Team Emirates, Almeida voltou ao Giro mais duas vezes, abandonando com Covid antes da 18ª etapa, em 2022, quando ia em quarto lugar na geral, e depois conquistou o pódio com um terceiro lugar em 2023. Nesse mesmo período, também terminou em quinto e nono na Volta a Espanha. Apesar da impressionante e admirável consistência em corridas de três semanas, e um contrato de cinco anos, Almeida ainda não é falado como favorito a uma Grande Volta, muito por culpa do seu estilo de correr algo conservador " Eu sei, tenho percepção disso, mas ainda não sinto que esteja no meu auge e sinto que ainda tenho algo a desenvolver e evoluir. Não sei quanto, e se será suficiente para conseguir uma vitória numa Grande Volta, mas estou tranquilo em relação a isso. Se eu não acreditar que consigo, nunca vou conseguir. E acredito que posso conseguir. Talvez algumas pessoas fiquem surpreendidas, outras nem tanto."

Almeida tem uma convicção enorme "Gosto de sentir a evolução, ver os números progredirem", diz. "É preciso ter uma mentalidade forte para ser ciclista, não nos cansarmos de pesar a comida, ser super profissional a 200% o tempo todo. Só me vejo a ser ciclista. Só há ciclismo na minha cabeça."

Este ano ele não participará na Volta a Itália e fará pela primeira vez a Volta a França, ao lado de Tadej Pogacar, Juan Ayuso, Adam Yates, ele aponta para quem será o lider da equipa e qual o seu papel, "Se tiver de puxar para Tadej, fá-lo-ei com um sorriso no rosto. Será um prazer correr para ele. Ele é o número um, o ciclista mais forte de todo o pelotão World Tour".

João Almeida é neste momento uma das estrelas do ciclismo em Portugal, mas nunca correu por uma equipa portuguesa e diz-se desligado do cenário do ciclismo nacional " Há muito caos", admite, numa referência à repetição aparentemente cíclica dos escândalos de doping domésticos. "Felizmente quando estava nas equipas de juniores, tive treinadores com uma boa mentalidade e o meu objetivo sempre foi sair de Portugal o mais rápido possível. E foi o que fiz após a minha ultima época de júnior. Acho que criei a minha reputação fora de Portugal, as pessoas conhecem-me do World Tour. Apesar de ser português, a minha carreira não me coloca nesse caos. Mas para os jovens portugueses, talvez seja um problema estar sempre associado a esses casos, a esse caos."

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