João Almeida fora do Giro: erro estratégico da UAE pode sair caro!

Ciclismo
terça-feira, 06 maio 2025 a 9:16
joaoalmeida
Chegou finalmente a semana da Volta à Itália de 2025. A primeira Grande Volta da temporada arranca já esta sexta-feira, 9 de maio, com uma edição que promete emoção e equilíbrio desde o primeiro dia. Sem nomes como Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard ou Remco Evenepoel no alinhamento, a luta pela Camisola Rosa está mais aberta do que nunca.
O grande favorito à vitória é Primoz Roglic, mas o esloveno enfrentará uma oposição feroz, sobretudo vinda da UAE Team Emirates – XRG, que apresenta a dupla Juan Ayuso e Adam Yates como líderes. No entanto, a ausência de João Almeida levanta dúvidas e provoca alguma perplexidade entre adeptos e analistas. Terá a UAE cometido um erro estratégico ao deixar de fora o português, que atravessa a melhor fase da sua carreira?
A sensação que começa a emergir é clara: a formação da Emirates poderá já estar a lamentar esta decisão. Com Almeida, o caminho para a vitória na geral poderia estar mais bem pavimentado do que com Ayuso e Yates, ambos talentosos mas menos consistentes em corridas de três semanas.

Uma temporada irrepreensível

João Almeida tem apresentado, em 2025, um nível de excelência raro. O português afirmou-se definitivamente como um dos mais completos ciclistas do pelotão, com um alto nível tanto nas subidas como nos contrarrelógios. Vem de duas vitórias consecutivas em corridas por etapas do WorldTour: a Volta ao País Basco e a Volta à Romandia, ambas conquistadas com autoridade e maturidade tática.
Antes disso, tinha sido segundo na Volta à Comunidade Valenciana e na Volta ao Algarve, além de um excelente sexto lugar no Paris-Nice, onde venceu uma etapa frente a Jonas Vingegaard. A regularidade e o crescimento exibidos nos últimos meses confirmam o que muitos já previam: Almeida está no pico da sua forma. Também tem sido notória uma mudança da postura de João Almeida durante as corridas, talvez reflexo daquilo que seja a mudança de métodos de treino e de um aumento de confiança que tem sentido.
João Almeida não se tem deixado descair no pelotão como em tempos o fazia, que muitas vezes o obrigava a fazer grandes recuperações que depois ficaram celebremente conhecidas por "Almeidadas". Em vez disso temos visto um João com uma postura mais ativa nas corridas, sem medo de atacar e com capacidade para sufocar a concorrência antes sequer de terem hipótese de o atacar. Esta evolução faz-nos crer que o João está pronto para demonstrar um outro nível no que diz respeito a Grandes Voltas.

Um histórico de excelência no Giro

A escolha da UAE Team Emirates torna-se ainda mais difícil de compreender quando se olha para o histórico de Almeida na Volta à Itália. Em quatro participações, o português foi sempre protagonista:
  • 2020: 4.º na geral, depois de vestir a Camisola Rosa durante 15 dias.
  • 2021: 6.º lugar, após recuperar terreno na última semana.
  • 2022: abandono na 18.ª etapa, quando ocupava o 4.º posto da geral.
  • 2023: 3.º classificado, com uma vitória de etapa no Monte Bondone.
Mesmo quando ainda não estava tão consolidado como ciclista de elite, o luso foi um nome constante na luta pela geral. Em 2025, com um nível claramente superior, teria legítimas aspirações à vitória final.

Uma oportunidade desperdiçada?

Com Tadej Pogacar focado exclusivamente na Volta a França, onde Almeida será o seu principal apoio nas montanhas, a Corsa Rosa parecia ser o cenário ideal para o português assumir, pela primeira vez, a liderança absoluta numa Grande Volta. No entanto, a UAE optou por Ayuso e Yates, dois ciclistas de grande nível, mas que ainda não mostraram a mesma consistência em provas de três semanas.
Mais preocupante ainda, é o facto de não se prever espaço para Almeida na liderança da Vuelta, que deverá voltar a contar com Pogacar. Ou seja, 2025 pode passar sem que a equipa da Emirates aproveite aquele que é, até agora, o melhor momento desportivo da carreira de João Almeida.
Numa temporada em que se exigia mais ousadia e visão estratégica, a UAE pode ter perdido uma oportunidade única de conquistar a Camisola Rosa com um corredor que, ano após ano, mostrou ser um dos homens mais fiáveis do pelotão internacional.
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