As palavras de
Tadej Pogacar durante a última semana da
Volta a França, em que o esloveno deixou transparecer algum desgaste físico e mental, reacenderam o debate sobre a longevidade das carreiras no ciclismo profissional. A questão da fadiga e da saturação, tanto psicológica como competitiva, acabou por ser também tema de reflexão para os seus companheiros de pelotão.
Em conversa com A Bola comentou essas declarações, onde o ciclista de A-dos-Francos admitiu que a realidade da modalidade conduz inevitavelmente a esses momentos de introspeção:
«São palavras naturais, é um esforço grande, são muitos sacrifícios. É também já uma temporada longa. É natural haver esse cansaço psicológico. Mas também já começamos a ter uma certa idade, começámos muito cedo e ao longo dos anos estamos sempre mais perto da reforma, embora não saibamos quando é que chegará. Começamos a pensar e a ponderar quando é que será o melhor momento, etc. Normalmente, os corredores têm uma ideia de quando pretendem retirar-se, mas depois acabam sempre por mudar e vão sempre adiando, adiando, adiando os anos em que se reformarão. É uma vida de que gostamos. Quem está nisto é porque gosta mesmo, tem paixão pelo ciclismo e sabe bem fazer disto a nossa vida, e às vezes é difícil largar este mundo.»
Saúde mental, um tema cada vez mais pertinente
O ciclista sublinha que o dilema entre a paixão pela competição e o desgaste que ela acarreta é uma constante no pelotão. A recente despedida de Michael Woods, que salientou no seu anúncio da retirada do ciclismo profissional. as questões da saúde e das privações familiares, serve de exemplo para muitos corredores que começam a equacionar o futuro.
«Sim, exacto. Para a saúde mental e física, o ciclismo profissional é muito exigente, muito duro, e eventualmente todos acabamos por perceber quando é que é o momento ideal para pendurar as botas, como se costuma dizer, e passar à próxima fase da vida.»
A carreira de um ciclista profissional, exige anos de dedicação absoluta, uma disciplina diária intensa e uma sucessão de renúncias pessoais. A noção de que “começaram cedo” torna inevitável que a ideia de se reformarem do ciclismo surja também mais cedo. Ainda assim, entre o desejo de prolongar a paixão e a necessidade de preservar a saúde e a vida pessoal, a decisão final raramente é simples.