Johan Bruyneel revela resultados dos testes de Greg Lemond e contesta a afirmação dele ter o “melhor VO2max alguma vez medido no ciclismo”

Greg LeMond é tricampeão da Volta a França, bicampeão do Campeonato do Mundo e um ciclista que marcou a história da modalidade nas décadas de 1980 e 90. Foi-lhe atribuído um VO2Max de 92,5 mL/kg/min, alegadamente o mais alto entre profissionais com resultados de topo até hoje. Contudo, Johan Bruyneel contesta estes números e diz ter prova de um teste que revela um valor muito inferior.

O tema surgiu no podcast The Move, onde Bruyneel e Spencer Martin discutiram a estimativa de VO2Max de um estudo recente sobre Tadej Pogacar, que aponta para um valor acima de 90. Para referência, Lance Armstrong tinha 84 e Chris Froome 88. Este indicador é altamente correlacionado com rendimento no ciclismo de elite, pois mede a capacidade do corpo de transformar oxigénio em energia, um fator-chave nas modalidades de endurance.

“Já que falas de VO2Max, é curioso trazer isto porque hoje vi outra entrevista dele a bater nos ciclistas que vieram depois da sua geração ou nos seus contemporâneos, acusando-os de dopagem, o meu ‘bom amigo’ Greg LeMond”, disse Bruyneel. “Ele é conhecido por afirmar que tem o melhor VO2Max alguma vez medido no ciclismo, diz que é o único ciclista limpo da sua era”. Contudo, Bruyneel contesta estas declarações do norte-americano, retirado desde 1994 mas ainda ativo no universo do ciclismo.

“Sabia que íamos falar do Pogacar e pensei: alguém já pediu ao Greg LeMond para provar que teve esse VO2Max? Na época a medição não era assim tão sofisticada… Falei disto há muitos anos com alguém… Na verdade, tenho um resultado de um teste de VO2Max do Greg LeMond”, afirma o belga. De seguida, mostra um documento no telemóvel com um valor de 74,7. Embora este valor varie consoante a forma do ciclista, o que aqui também é provável, a diferença é notoriamente grande. Trata-se de um teste de 1988, como explica:

“Creio que foi na temporada antes de ir para a ADR, na altura do acidente de caça. Estava obviamente sem grande forma, com peso a mais, e a época não lhe correu bem. Mas sei que procurava equipa e havia uma francesa, a Fagor, que acabou por assinar com Stephen Roche em vez de LeMond. O LeMond fez um teste com um médico dessa equipa e, adivinhem: conheci esse médico e aqui tenho o teste de VO2Max do Greg LeMond quando estava a fazer provas para a Fagor”.

Assim, Bruyneel coloca totalmente em causa a validade das alegações de LeMond sobre aquele valor, criticando também o seu gabarito e as acusações generalizadas de dopagem aos rivais. “Não me interpretem mal, o Greg LeMond é um grande atleta, grande campeão, foi muito forte, mas ninguém lhe perguntou: ‘ok, afirmas ter o VO2Max mais alto alguma vez medido no ciclismo, mostra-me a prova’.”