O antigo profissional norte-americano
Greg LeMond falou recentemente sobre o atual nível dos protocolos anti "motor doping" no ciclismo profissional, abordando as preocupações com motores ocultos na modalidade.
A lenda norte-americana apresenta um palmarès impressionante, com três vitórias na
Volta a França, dois títulos mundiais e 31 vitórias no total da carreira. Tem-se pronunciado várias vezes sobre rumores de doping no pelotão atual e, desta vez, fê-lo no Rouleur Live.
"De repente, a qualidade das bicicletas, dos desviadores e das baterias melhorou imenso nos últimos oito anos",
disse LeMond em declarações recolhidas pela Domestique, sublinhando como os avanços tecnológicos podem tornar a deteção muito mais difícil. Apesar disso, mostrou confiança nos controlos atuais. "Não acho que isso seja um problema agora. É preciso insistir. É preciso testar".
O motor doping, ou dopagem mecânica, consiste na utilização de um motor oculto na bicicleta para obter vantagem indevida. O primeiro caso confirmado surgiu em 2016, quando a belga Femke Van den Driessche foi apanhada com um motor escondido durante a prova feminina sub-23 nos Mundiais de Ciclocrosse da UCI, o que resultou numa suspensão de seis anos. A ciclista belga não apresentou defesa e anunciou de imediato o fim de carreira após conhecer a sentença.
Uma das primeiras alegações de doping mecânico remonta à Volta à Flandres de 2010, quando
Fabian Cancellara descarregou
Tom Boonen após atacar no setor mais íngreme do Kapelmuur sem se levantar do selim. A lenda suíça negou sempre as acusações.
Como identificar um possível uso de motor?
LeMond explicou que a análise da cadência pode ajudar a detetar corredores a utilizar motores ocultos. "Há uma eficiência de RPM no output de potência. Portanto, mesmo nas subidas hoje em dia, vê-se os corredores dentro de cinco RPM para o mesmo valor de potência", afirmou. "Quando se vê alguém acima disso, cinco a 10 RPM, não é bom sinal".
No passado, propôs também métodos de deteção mais avançados, mas acabaram rejeitados pela UCI. "Fiz alguma pesquisa e encontrei estas máquinas de raio-X que não eram baratas, mas com as quais se podia testar cada bicicleta do pelotão em 60 segundos", revelou LeMond.
Explicou ainda como essa tecnologia poderia tornar mais eficientes os controlos anti-dopagem mecânica. 'Isto são coisas na fronteira do controlo. E isso significa que nem sequer é preciso retirar as bicicletas", disse, traçando um paralelo com sistemas de rastreio de segurança usados noutros sectores.
Apesar dos recuos, LeMond manifestou um otimismo cauteloso quanto ao sistema atual. "Acredito que, olhando para as RPM dos corredores hoje, sei que estão a testar. Isso deixa-me muito satisfeito", concluiu.