Johan Bruyneel é taxativo: "Não considero que tenha sido um mau dia para a UAE.... a equipa está confortável com Del Toro como líder, em detrimento de Ayuso"

Ciclismo
domingo, 25 maio 2025 a 12:10
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Johan Bruyneel, antigo diretor desportivo e hoje analista regular no podcast The Move de Lance Armstrong, fez uma análise detalhada da 14.ª etapa da Volta a Itália 2025, destacando o impacto desproporcional que duas quedas - a da etapa em estradas de gravilha em Siena e a mais recente deste sábado - tiveram no desenvolvimento da classificação geral.
“O principal aspeto da etapa foi que mais uma queda teve um impacto enorme na geral. Se olharmos para os tempos ganhos e perdidos até agora, quase tudo se resume a dois momentos: a etapa de sterrato e esta etapa 14. É lamentável, mas faz parte do ciclismo”, comentou Bruyneel.
Apesar da tensão gerada pelos incidentes, Bruyneel fez questão de elogiar a maturidade de Isaac Del Toro, um dos protagonistas da UAE Team Emirates, que se tem mostrado consistente e bem posicionado, mesmo em dias caóticos.
"Del Toro, mesmo sendo tão jovem, está a correr como um veterano. Está sempre onde tem de estar, bem colocado. Isso, mais do que a força, tem feito a diferença".
O belga frisou que a sorte desempenhou um papel decisivo na etapa, especialmente para corredores como Roglic, Ayuso, Bernal e Tiberi, que ficaram condicionados pela queda na frente do pelotão:
"Del Toro e Carapaz caíram mesmo à frente de Roglic e Bernal, mas conseguiram seguir. Os outros dois ficaram bloqueados, sem bicicleta. Foi azar. Dos oito homens da Lidl-Trek, sete caíram. Só o Carlos Verona ficou de pé. Aconteceu na frente e, em estradas com paralelos planos e chuva, é como andar sobre gelo. É até preferível quando as pedras são redondas, porque forçam os ciclistas a abrandar. Aqui parecem estradas normais, mas são armadilhas".
Bruyneel também respondeu às críticas de Wout van Aert, que culpou outras equipas pela queda massiva, insinuando que estavam mal posicionadas:
"Vi o Van Aert a criticar outras equipas, mas é fácil falar quando se está na frente a impor o ritmo. As equipas da geral têm de lutar pela frente, não é uma escolha, é uma necessidade. O espaço é reduzido, todos querem estar lá. Del Toro, Carapaz e Yates conseguiram manter-se. Bernal, Roglic, Ayuso e Tiberi perderam tempo importante - o Tiberi mais que todos, podem riscá-lo da luta pela geral".
Sobre o desempenho da UAE Team Emirates - XRG e a leitura tática do dia, Bruyneel foi taxativo ao negar que tenha sido uma má jornada para a equipa:
"Não considero que tenha sido um mau dia para a UAE. Em determinado momento havia três grupos: um com Del Toro, outro com Ayuso e um terceiro com 3 ou 4 elementos da UAE. Quando esses últimos chegaram ao grupo de Ayuso, não trabalharam para o levar à frente. Isso mostra que a equipa está confortável com Del Toro como líder, em detrimento de Ayuso ou mesmo de rivais como Carapaz e Yates".
Segundo o belga, os sinais táticos são claros: a UAE está a apostar as suas fichas em Del Toro, que neste momento está na luta direta com Roglic e outros nomes fortes da geral. Ayuso, apesar do estatuto, parece recuar para um papel secundário, num momento crucial da Corsa Rosa.
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