Em circunstâncias normais,
Juan Ayuso seria apontado como um dos grandes favoritos à vitória na Clásica de San Sebastian. O ciclista espanhol de 22 anos era, pelo talento e currículo, um dos nomes mais promissores da startlist. No entanto, terminou numa desapontante 39ª posição, a 4 minutos e 17 segundos do vencedor, Giulio Ciccone, e cruzou a meta ao lado de outro italiano de quem muito se esperava, Antonio Tiberi, também ele longe do nível esperado.
Tudo começou com um furo a cerca de 80 quilómetros da meta, pouco antes do início da ascensão ao Alto de Jaizkibel, a primeira das três grandes subidas da segunda metade da prova. Apesar de ter regressado rapidamente ao grupo dos favoritos, Ayuso foi um dos primeiros a ceder na exigente subida de Erlaitz, a mais dura do percurso.
A partir daí, nunca mais conseguiu reencontrar-se com a frente da corrida e acabou por não ter qualquer papel decisivo, nem sequer no apoio aos colegas de equipa
Isaac del Toro e
Jan Christen, que ainda disputaram a vitória. No final, a
UAE Team Emirates - XRG foi apanhada de surpresa por Ciccone e viu Christen garantir o segundo lugar, enquanto o mexicano del Toro terminou em quinto.
Ayuso começou a dar nas vistas em 2021, mas foi em 2022 que se impôs entre os melhores, com apenas 19 anos. Foi Top 5 na Volta à Catalunha e na Volta à Romandia e terminou em terceiro lugar na
Volta a Espanha, a sua estreia numa grande Volta. Na altura, os adeptos espanhóis entusiasmaram-se e acreditaram estar perante o futuro vencedor da prova. Contudo, nas épocas seguintes, Ayuso parece ter estagnado. Em 2023, foi quarto na Vuelta e em 2024 abandonou a Volta a França, onde deveria apoiar Pogacar nas montanhas, mas acabou por sair em conflito com a equipa. Este ano, em 2025, também não conseguiu terminar a Volta a Itália, onde partia como um dos principais favoritos ao lado de Primoz Roglic.
Apesar de algumas vitórias em clássicas e provas por etapas, como a Volta à Romandia, o Trofeo Laigueglia ou a Faun Drome Classic, os resultados estão longe do que se esperava de quem foi, em tempos, apontado como o próximo fenómeno espanhol.
Ayuso não estava inicialmente previsto para a Vuelta de 2025. O plano da equipa passava por centrar-se em Tadej Pogacar, mas o esloveno saiu esgotado da Volta a França, que venceu pela quarta vez, e optou por parar para preparar o final da temporada, com objetivos como o Campeonato do Mundo, as clássicas canadianas e o tríptico de outono em Itália, com destaque para a Il Lombardia, onde irá tentar a quinta vitória consecutiva.
Assim, a liderança da UAE Team Emirates - XRG recai agora sobre os ombros de
João Almeida e de Juan Ayuso, com o português a partir à frente do espanhol por direito. Ayuso iniciou a temporada em grande forma, com triunfos em França e Itália e um segundo lugar na Volta à Catalunha, atrás de Roglic. Chegou ao Giro em excelente condição, mas acabou por abandonar.
Agora, regressou com uma prestação muito aquém das expectativas na
Clásica San Sebastian. E se não quiser apresentar-se na Vuelta como mais um nome entre muitos, Ayuso tem obrigatoriamente de mostrar serviço já este domingo, no Circuito de Getxo, uma clássica onde a concorrência será, em princípio, menos exigente. Uma boa atuação será essencial para recuperar confiança e, caso o cenário exija, poderá até trabalhar para o colega del Toro, caso este esteja mais forte no final. Mas qualquer resultado fora do pódio será visto como uma nova deceção.