Poucos nomes no ciclismo despertam tanta controvérsia quanto
Lance Armstrong. O americano, agora com 53 anos, continua a ser um tema sensível no mundo do desporto, onde a simples menção ao seu nome ainda gera debates inflamados entre fãs e especialistas.
Apesar de ter sido banido do ciclismo profissional após a revelação de um dos maiores escândalos de doping da história, Armstrong mantém uma presença ativa no meio, através do seu podcast "The Move", onde discute o ciclismo moderno ao lado do seu ex-chefe de equipa
Johan Bruyneel e outros convidados.
"Os meus rivais também faziam batota"
Numa recente entrevista ao
Jot Down Sport, Armstrong falou abertamente sobre o seu passado, reconhecendo as suas falhas, mas insistindo que não era o único culpado. "Os meus rivais também faziam batota", afirma.
O ex-campeão destacou ainda o impacto devastador que o doping teve em alguns dos seus adversários, indo além das consequências desportivas: "Isso destruiu alguns dos meus adversários. Perdi cinco ou seis rivais da minha geração devido a substâncias proibidas e maus hábitos."
Armstrong admite que passou por momentos difíceis e que poderia ter desistido, mas encontrou forças para continuar: "Foi uma fase complicada, mas decidi lutar. Estou muito orgulhoso por ter conseguido superar essa fase."
O americano credita a sua resiliência ao exemplo da sua mãe: "Nasci quando a minha mãe tinha apenas dezassete anos, e ela nunca desistiu. Pensei muitas vezes nela durante esse período negro, e isso acabou por me salvar."
O estado atual do ciclismo: ainda falta emoção?
Mesmo afastado das competições, Armstrong continua a acompanhar de perto o ciclismo e não hesita em expressar opiniões sobre o desporto atual. Para ele, há um problema fundamental na forma como as corridas são apresentadas ao público.
"Os organizadores não querem abrir mão do seu espetáculo, e isso, na minha opinião, prejudica o desporto."
O americano questiona se o formato das competições ainda é atraente para as novas gerações: "Se eu pedisse aos meus filhos para assistirem a uma etapa da Volta à França do início ao fim, todos diriam que não. Assistir a uma corrida durante o dia todo não é apelativo para os jovens. Eles só se interessam quando algo realmente emocionante acontece."
Um dos grandes rivais de Armstrong, Marco Pantani (esq.), lutou contra a dependência de drogas antes de morrer prematuramente em 2004
Armstrong e a sua relação com a Volta à França
Se há uma corrida com a qual Armstrong está intrinsecamente ligado, é a Volta à França. Entre 1999 e 2005, ele dominou a prova, vencendo sete edições consecutivas, títulos que mais tarde foram anulados. "Sempre considerei a Volta à França como a minha corrida."
No entanto, a sua visão mudou com o tempo e as experiências pessoais: "Agora que visito França com mais frequência, percebo que a Volta pertence a todos, especialmente aos franceses."
Apesar da sua queda do pedestal, Armstrong mantém um apreço especial pelo país e sua capital: "Gosto muito de França e, em particular, de Paris. Quanto mais vezes visito a cidade, mais me dou conta de como é maravilhosamente bonita", disse.