Lefevere, sobre substituições no ciclismo: "O ciclismo não é futebol. Quem é que vai decidir quando é que uma lesão ou doença é real?"

Ciclismo
quarta-feira, 07 fevereiro 2024 a 10:59
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Eusebio Unzué, diretor da Movistar Team, levantou recentemente a hipótese de introduzir um sistema de substituições no ciclismo, com o objetivo de proporcionar uma abordagem mais humana às corridas. No entanto, o seu colega Patrick Lefevere, líder da equipa belga Soudal Quick-Step, não partilha desta visão.
Unzué propõe que, em caso de desistência de um ciclista durante a primeira semana de uma grande volta, as equipas tenham a possibilidade de o substituir. Defende que esta medida seria justa para os ciclistas que ficam de fora do alinhamento principal, apesar de se terem preparado para a competição. Considera que o ciclismo tem de evoluir e adotar regras mais humanas.
No entanto, Lefevere não concorda com esta ideia. Em declarações ao Het Laatste Nieuws, expressou a sua discordância, argumentando que permitir substituições iria apagar a própria essência das Grandes Voltas. Segundo Lefevere, o desafio consiste em completar as três semanas de corrida e a autorização de alterações prejudicaria a importância da resistência e a capacidade de adaptação das equipas.
"Conheço o Unzué há muito tempo. Ele tem boas intenções, mas por vezes é demasiado querido. Neste caso, não estou de acordo com ele. Com esta regra, toda a história dasGgrandes Voltas é apagada. É apenas o desafio de manter três semanas completas. O Tour, o Giro e a Vuelta duram 21 dias, não 17 ou 15. Também acho que é humano, mas não os vamos transformar em cobardes, pois não?", comentou Lefevere.
Além disso, Lefevere salienta que as quedas e as doenças são elementos inerentes ao ciclismo e que parte do mérito de uma equipa reside na sua capacidade de ultrapassar estas adversidades e de manter um plano B.
"Infelizmente, as quedas e as doenças fazem parte do processo. Grande parte do sucesso da sua equipa reside na resiliência, na capacidade de mudar para um plano B. São esses os momentos em que os grandes campeões se levantam, recuperam após um revés: é isso que as pessoas querem ver. A gestão é como o boxe: o facto de se estar nas cordas num determinado momento não significa que se perca o campo."
O dirigente belga também se preocupa com a viabilidade da aplicação de um sistema de substituição. Questiona quem determinaria a gravidade de uma lesão ou doença e como se distinguiria entre fadiga e condições médicas. Manifesta também ceticismo quanto à equidade de um sistema deste tipo e à capacidade dos médicos para avaliarem corretamente cada situação.
"O ciclismo não é futebol. Quem é que vai decidir quando é que uma lesão ou uma doença é real? Já estou à espera do VAR. Será absolutamente imparcial e será, sem dúvida, composto por médicos franceses. Não, isto vai deixar-nos de cabelos em pé. Não o vou impedir, mas também não o vou apoiar. Será para o ciclismo depois de Lefevere".
MATXIN
Por outro lado, Joxean Fernández Matxin, diretor desportivo da UAE Team Emirates, não exclui completamente a ideia de Unzué, mas reconhece a sua complexidade. Sugere uma variante mais simples que daria a cada equipa o direito de mudar um ciclista durante a última semana da competição.
"É complicado. Quem é que vai avaliar se uma queda é suficientemente grave? Qual é a gravidade da lesão? A rótula tem de estar partida ou basta uma dor no joelho? E a fadiga? Após duas semanas de corrida, a exaustão é muito parecida com estar doente. Ainda assim, adoro a ideia em si. Sou a favor de uma variante simples, sem critérios médicos: Daria a cada equipa o direito de mudar um ciclista na última semana", comentou Matxin.

🇪🇸 Eusebio Unzué, Movistar team manager 🗣️ "Why not allow substitutes when a rider is forced to abandon a Grand Tour during the first week? All teams prepare 10-12 riders for a Grand Tour, so you still got 2 or 3 of them at home." (L'Équipe)

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