A apresentação do percurso da
Volta a França 2026, em Paris, reacendeu um dos debates do ciclismo dinamarquês: será que
Mads Pedersen regressará finalmente à maior corrida do mundo ou voltará a ser preterido pela
Lidl-Trek?
Segundo
os analistas da TV2 Dinamarca, o novo traçado não joga a favor do antigo campeão do mundo, mesmo com várias etapas planas no calendário. À primeira vista, o Tour 2026 parece desenhado para os sprinters, mas apenas para os mais puros.
“O percurso pode contar contra ele”
O ex-profissional e comentador Christian Moberg acredita que a Lidl-Trek poderá voltar a apostar em
Jonathan Milan, vencedor da Camisola Verde e de duas etapas na Volta a França 2025. “O Milan é um sprinter mais tradicional, que precisa de etapas completamente planas”, explicou Moberg. “Isso pode jogar contra as hipóteses de vermos o Mads no Tour. Ainda é cedo, mas parece claro que estas etapas ao sprint favorecem mais os velocistas puros.”
O analista recorda que as melhores exibições de Pedersen ocorreram em etapas mais duras, onde o vento e as subidas curtas nivelam diferenças. “As corridas em que vimos o Mads entre os melhores do mundo tiveram sempre subidas, são terrenos onde ele consegue colocar pressão e ainda assim sprintar forte”, acrescentou.
A chegada de Ayuso muda o foco
A concorrência interna também cresceu. A Lidl-Trek reforçou-se com
Juan Ayuso, vindo da UAE Team Emirates – XRG, um reforço que deverá alterar o foco da equipa para a classificação geral. “Com Ayuso, é natural que a equipa para o Tour tenha uma estratégia diferente. O objetivo pode deixar de ser vencer etapas para passar a estar mais centrada na classificação geral”, notou Moberg.
Durante anos, Mads Pedersen foi o líder incontestado da equipa. Mas, como o próprio Moberg reconhece, essa posição já não é tão clara. “Ele tem sido o patrão da Lidl-Trek, toda a gente o via assim. Mas agora há outros ciclistas a ganhar peso dentro da estrutura.”
Esses nomes são precisamente Milan e Ayuso, dois corredores com objetivos distintos, mas que podem condicionar o espaço do dinamarquês no alinhamento para o Tour. A ironia é que Pedersen vem de uma temporada de enorme regularidade - conquistou a Camisola dos Pontos tanto na Volta a Itália como na Volta a Espanha, além de vitórias em etapas.
“Ele vai fazer tudo para entrar na equipa”
O analista e ex-ciclista Lars Bak, que conta com oito participações na Volta a França no palmarés, acredita que a determinação de Pedersen será decisiva. “Ele vai fazer tudo para fazer parte da equipa do Tour”, garantiu Bak. “As decisões começam a desenhar-se em dezembro. É aí que as equipas definem quem correrá onde.”
Por agora, o destino de Mads Pedersen depende das escolhas estratégicas da Lidl-Trek. Com um sprinter em ascensão, um jovem candidato à geral e um ex-campeão do mundo com vontade de regressar ao Tour, a equipa entra no inverno com um enigma difícil de resolver: como equilibrar ambição, hierarquia e resultados?