Enquanto o debate sobre o percurso da
Volta a França de 2026 continua a dominar o pelotão,
Jens Voigt lançou uma previsão ousada: o antigo profissional e analista da Eurosport acredita que
Florian Lipowitz poderá ser o homem-chave na hierarquia da Red Bull - BORA - hansgrohe, superando Primoz Roglic e até Remco Evenepoel, que chegará à equipa na próxima época.
“Lipowitz provou que é o melhor dos outros, atrás de Pogacar e Vingegaard”,
afirmou Voigt.
“Ele pode realisticamente apontar ao pódio novamente. Este ano mostrou que só lhe faltava um por cento para igualar esses dois.”
O comentário vem na sequência de uma temporada impressionante do jovem alemão, de apenas 25 anos, que consolidou o seu estatuto como o terceiro homem mais consistente nas montanhas, atrás dos dois gigantes do ciclismo moderno.
Hierarquia em jogo desde o contrarrelógio por equipas
Voigt acredita que a hierarquia interna da Red Bull será testada logo na 1ª etapa, um contrarrelógio por equipas em Barcelona que introduz uma nova regra: o tempo contará pelo primeiro ciclista a cruzar a meta, e não pelo quarto, como tradicionalmente.
“Na Red Bull, tudo vai girar em torno da hierarquia desde o primeiro dia”, explicou Voigt.
“Ninguém vai querer perder tempo para os outros na subida final de Montjuïc. Se um deles deixar os outros para trás, não está a fazer nada de errado, mas isso pode criar rivalidades internas.”
Com Roglic, Evenepoel e Lipowitz a partilharem ambições, a tensão parece inevitável.
Um percurso pouco favorável a Evenepoel
Apesar da chegada do campeão belga gerar entusiasmo, Voigt acredita que o percurso de 2026 não favorece Evenepoel.
“Só há um contrarrelógio individual, com 26 quilómetros. Ele provavelmente gostaria de ter mais. Para Remco, não é o ideal”, analisou o alemão.
“Talvez até preferisse abrir o Tour com um contrarrelógio individual, esse formato assentava-lhe melhor.”
O desenho do percurso, fortemente montanhoso e com poucas oportunidades para especialistas do relógio, coloca os grandes trepadores em vantagem, nomeadamente Pogacar, Vingegaard e Lipowitz.
“O percurso é brutal e não deixará margem para erros”
Com cerca de 3.000 quilómetros e oito etapas de montanha, Voigt prevê uma corrida seletiva e sem espaço para surpresas.
“Sem doenças ou quedas, veremos o mesmo pódio deste ano”, arriscou.
“O percurso é tão exigente que não há espaço para azar ou tática improvisada. É preciso uma equipa muito forte e, já na primeira semana, vamos perceber quem tem pernas para aguentar.”
O alemão alertou que até a fase inicial na Catalunha poderá revelar-se traiçoeira:
“Parece um início amigável, mas não é. Mesmo a subida de Montjuïc vai começar a moldar a classificação.”
“Duas chegadas ao Alpe d’Huez, um palco assustador para todos”
O antigo ciclista alemão destacou ainda o duplo Alpe d’Huez como o ponto culminante da corrida. Em 2026, o Tour incluirá duas chegadas consecutivas ao cume, algo nunca antes visto, com mais de 5.500 metros de desnível acumulado no penúltimo dia.
“Duas chegadas ao Alpe d’Huez, nunca vimos isso antes. Para os gregários, será uma sentença de morte. Para os trepadores e homens da geral, é onde tudo se decide”, afirmou Voigt.
“Vai ser uma etapa assustadora para todos.”
Segundo ele, o desfecho dependerá da capacidade de Pogacar manter a consistência até ao fim:
“Se dominar como esperamos, o Alpe d’Huez servirá apenas para confirmar a sua supremacia. Mas se vacilar, tudo pode virar-se do avesso. O Col de la Croix de Fer e o Col de Sarenne vão rebentar a corrida.”
Lipowitz, o herdeiro natural
Para Voigt, Florian Lipowitz é o nome a seguir. O jovem alemão impressionou pela regularidade, pela serenidade e pela inteligência tática.
“Lipowitz mostrou que é calmo, eficiente e sobe com os melhores. Está mesmo ali, falta-lhe apenas aquele último um por cento”, afirmou.
Com um percurso que privilegia resistência, regularidade e gestão de esforço, Voigt acredita que Lipowitz pode emergir como o novo líder natural da Red Bull - BORA - hansgrohe, mesmo ao lado de campeões consagrados.
“Num Tour tão exigente, a paciência, a resiliência e a força coletiva vão valer mais do que o talento puro. E são essas qualidades que o Lipowitz já começou a dominar.”