Dois meses depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral,
Ludovic Robeet começa finalmente a ver luz ao fundo do túnel. O ciclista belga de 31 anos, da
Cofidis, anunciou nas redes sociais que já voltou a andar de bicicleta ao ar livre, um marco decisivo na recuperação que tem acompanhado com cautela, disciplina e esperança.
“Dois meses depois do meu AVC, as coisas estão a evoluir na direção certa: voltei a andar de bicicleta ao ar livre e sinto-me muito bem. Ainda há altos e baixos, uns dias mais fáceis do que outros... mas há um claro progresso”, escreveu Robeet no
Instagram. “Obrigado a todos pelas vossas mensagens, pelo vosso apoio, pela vossa presença. Continuamos, passo a passo. Agora, é tempo de trabalhar arduamente para voltar ao meu melhor nível.”
Um choque que parou a Cofidis
O AVC de Robeet ocorreu em meados de setembro, poucos dias antes da viagem prevista para as Clássicas canadianas de Quebeque e Montréal, provas do calendário WorldTour. A notícia deixou o pelotão em choque. A Cofidis reagiu de imediato, retirando o ciclista da competição e iniciando o protocolo médico de emergência.
Na altura, a equipa francesa confirmou que o estado clínico de Robeet era “positivo e encorajador”, mas evitou avançar com qualquer calendário de regresso. O foco passou a ser, exclusivamente, a recuperação.
Agora, o próprio belga assume o papel de protagonista na sua recuperação, partilhando um progresso que é tanto físico como emocional. Para um ciclista reconhecido pela combatividade e espírito ofensivo nas Clássicas, o simples gesto de pedalar ao ar livre volta a ter um significado profundo.
Um estilo inconfundível nas estradas e nas pedras
Robeet é conhecido como um dos especialistas belgas em corridas de um dia, um homem de ataques longos e corajosos, habituado a lutar nas estradas duras e ventosas da Flandres e do Norte da Europa. A sua vitória na Nokere Koerse de 2021, conquistada após uma fuga de longo alcance, continua a ser o momento mais marcante da sua carreira.
Com os seus 1,94 metros de altura e potência natural em terrenos acidentados, Robeet foi sempre valorizado como um gregário leal e combativo, capaz de abrir caminho para os líderes da equipa e aproveitar oportunidades improváveis nas corridas com empedrado. A transferência para a Cofidis em 2024 foi vista como o reconhecimento desse valor, um passo merecido para o nível WorldTour, que acabou por ser interrompido de forma brutal pelo problema de saúde.
A vitória da resiliência
O regresso à bicicleta representa, portanto, mais do que um simples treino. É um símbolo de superação e da força mental necessária para recomeçar num desporto onde o corpo é tudo.
Por agora, não há qualquer indicação sobre quando, ou se, Robeet voltará à competição, e o seu regresso dependerá inteiramente das avaliações médicas e do ritmo da readaptação. Mas o tom do ciclista é de gratidão e esperança, mais do que de pressa.
“Continuamos, passo a passo”, escreveu, num lema que já se tornou o fio condutor da sua recuperação.
Para os adeptos, colegas e antigos companheiros de equipa, o simples facto de voltar a pedalar na estrada depois de um AVC já é uma vitória. Num pelotão habituado a medir sucessos por vitórias, Robeet provou que há triunfos mais importantes do que qualquer linha de meta.