À medida que a
Volta a França 2025 se aproxima,
Luke Rowe, agora diretor desportivo da
Decathlon AG2R La Mondiale Team, abordou a pressão e os riscos inerentes à maior prova do ciclismo mundial. Depois de encerrar a carreira como corredor com a INEOS Grenadiers no final de 2024, o galês prepara-se para liderar a sua nova equipa pela primeira vez numa grande volta, que arranca já a 5 de julho, em Lille.
Em declarações à IDLProCycling, Rowe, de 35 anos, explicou que o peso do Tour está sempre presente no ambiente da modalidade:
"Acho que não se pode colocar pressão extra sobre si próprio na Volta a França porque essa pressão está sempre presente. Todo o desporto gira em torno desta corrida. Por isso, não há pressão extra, mas não se enganem: é claro que queremos deixar os nossos patrocinadores orgulhosos, porque quando se está perto do coração da equipa, é um distintivo de honra. Queremos ter um bom desempenho e estamos motivados, mas isso é válido para todas as equipas".
Conhecedor profundo do que está em jogo nas primeiras etapas do Tour, Rowe sublinhou os perigos da abertura da corrida, especialmente nas estradas estreitas do norte de França e nas zonas costeiras da Normandia e da Bretanha, onde o vento cruzado e a tensão no pelotão podem gerar o caos:
"De qualquer forma, vai ser muito nervoso", afirmou.
"Assim que se tem uma etapa de classificação geral logo no início, a corrida já está decidida de certa forma. Toda a gente está cheia de confiança no início de uma Volta a França, mas numa primeira prova como esta, é frequente haver uma ordem no pelotão".
Ainda não se conhece o alinhamento oficial da Decathlon para a Volta a França, mas é certa a ausência da nova coqueluche Paul Seixas
Segundo o galês, essa ordem inicial acalma a corrida, mas apenas depois do inevitável turbilhão:
"Isso proporciona mais controlo. Agora há uma primeira semana e meia com mais stress para todos. As estradas são boas nessas zonas de França, mas muitas vezes são estradas descobertas. Costuma ventar menos no verão do que nos primeiros meses do ano, mas se houver um dia de vento, todos sabem quais podem ser as consequências".
Rowe deixou claro que, nas primeiras etapas, o objetivo não é ganhar tempo, é evitar perder:
"Ninguém na CG gosta, porque na primeira parte do Tour perde-se sempre: quedas, perda de companheiros de equipa e coisas do género. Ganhar um pouco de tempo é bom, mas nunca compensa os riscos".
Este aviso é especialmente relevante com o regresso da Grande Partida a Lille, cidade que já acolheu a abertura da prova em 1960, 1994 e 2001. O terreno traiçoeiro do noroeste francês, associado ao vento e ao nervosismo generalizado, poderá influenciar a corrida antes mesmo de se chegar às montanhas.
"Ainda temos de o ultrapassar para chegarmos às montanhas e competirmos por um lugar entre os dez primeiros ou o que quer que seja", apontou Rowe.
"Não importa se és o Vingegaard, o Gall ou o Pogacar; não há muito a fazer. Eles preparam-se durante meses e tudo pode acabar num segundo".
A entrada de Rowe na estrutura da Decathlon AG2R La Mondiale, no início do ano, é vista como parte de uma estratégia para reforçar a liderança da equipa, em torno de nomes como
Felix Gall, esperança para a classificação geral, e de uma nova geração de ciclistas promissores. O seu conhecimento prático do Tour, fruto de mais de uma década a trabalhar com líderes como Chris Froome e Geraint Thomas, poderá ser determinante.
Apesar da responsabilidade do novo cargo, Rowe mantém a perspetiva:
"É uma grande responsabilidade, mas tentei sempre esquecer que se tratava do Tour. Abordei todas as corridas com a mesma mentalidade. Claro que há mais espectadores, mas também temos de nos lembrar que é apenas uma corrida de bicicleta. Há coisas mais importantes a acontecer no mundo".