A Volta à Catalunha realiza-se esta semana e continua a ser uma das corridas por etapas mais prestigiadas do calendário. O último vencedor, Tadej Pogacar, não estará presente para defender o título, tal como Jonas Vingegaard, abrindo assim o leque de candidatos à vitória final.
Sem a presença dos dois dominadores no que diz respeito a provas por etapas, Primož Roglič e Juan Ayuso surgem como os principais favoritos à classificação geral. No entanto, não estarão sozinhos na luta e terão concorrência à altura. Entre os principais adversários destaca-se Mikel Landa, que chega à Catalunha em boa forma, após um arranque de temporada promissor na Strade Bianche e no Tirreno-Adriatico.
"Quando o Vingegaard e o Pogacar estão presentes, os outros ciclistas acabam por se conformar com o segundo lugar ou ficam à espera que sejam eles a mexer na corrida", explicou Landa ao Cyclingnews. "Isso tem um grande impacto no desenrolar da prova. Sem eles, a corrida será muito mais aberta e, provavelmente, haverá um duelo interessante entre Roglič e Ayuso. Esses dois partem como os grandes favoritos, mas os restantes estarão muito próximos."
O ciclista da Soudal Quick-Step analisou também o percurso: "Apesar da quantidade de etapas de montanha, a Volta à Catalunha costuma decidir-se por poucos segundos, e este ano não deverá ser diferente. Aliás, diria que é uma das corridas por etapas que menos mudou desde que me tornei profissional. Sempre foi muito dura e rápida, e continua a sê-lo."
Landa destacou ainda a exigência da prova: "Praticamente não há sprinters no pelotão, o que significa que mesmo nas etapas mais planas poderão surgir fugas perigosas. Todos os sete dias são muito duros, e até as etapas teoricamente mais acessíveis têm frequentemente 2.000 a 3.000 metros de acumulado. É uma semana muito intensa."
No ano passado, o ciclista espanhol foi segundo classificado, apenas atrás de Pogacar. "Estive muito bem no ano passado e sinto que estou novamente em boa forma. Vamos ver se consigo estar perto dos melhores. De qualquer forma, é raro encontrar uma corrida de uma semana com tantas montanhas como na Catalunha. Algumas etapas chegam a ter 4.000 ou 5.000 metros de desnível, o que se assemelha bastante à última semana do Giro. Para quem prepara essa Grande Volta, é um excelente teste."
Sobre as etapas mais duras da prova, Landa acredita que haverá espaço para ataques: "Será uma corrida para os ciclistas mais ofensivos. No ano passado, a subida mais difícil [Col de Pradell] acabou por não ser decisiva, mas, nas duas seguintes, o Pogacar virou a corrida do avesso."
A chegada a Montserrat na quarta etapa será um dos primeiros momentos decisivos. "Já deverá criar diferenças na geral, mas mesmo a última etapa no Montjuïc, em Barcelona, pode ser determinante." A alta montanha começa logo na terceira etapa, com a chegada a La Molina. "Mas lembro-me de 2022, quando Higuita e Carapaz não foram os mais fortes nessa subida, mas conseguiram virar do avesso a classificação geral antes do último dia.", relembrando um dia em que João Almeida liderava a prova mas acaba por ser batido pelos dois sul-americanos que protagonizaram uma fuga de 134 quilómetros e assaltaram os dois primeiros lugares da geral, relegando o português para 3º lugar.
Por fim, Landa explicou os seus objetivos e comparou-os aos dos principais favoritos: "Para mim, esta corrida nunca está decidida até cruzarmos a meta. Ainda falta bastante tempo para o início do Giro, por isso não preciso de estar no meu pico de forma já. Mas para ciclistas como Roglič e Ayuso, esta é a última corrida antes da Volta a Itália. Vão querer dar tudo."