"Muitos enfrentam problemas mentais, alguns conseguem suportar mais, outros menos" Miguel Indurain compreende vontade de Tadej Pogacar não continuar muito tempo no ciclismo

Ciclismo
segunda-feira, 11 agosto 2025 a 18:00
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Miguel Indurain, a lenda do ciclismo espanhol com cinco vitórias consecutivas na Volta a França, não tem a certeza se Tadej Pogacar conseguirá juntar-se a ele no grupo restrito de campeões mais condecorados da competição. Pogacar conquistou a sua quarta vitória na Volta a França no mês passado, ficando agora a apenas uma vitória de igualar o recorde de Indurain e o recorde de todos os tempos, que é partilhado por Indurain, Jacques Anquetil, Bernard Hinault e Eddy Merckx. Em entrevista à agência EFE, Indurain mostrou confiança de que o esloveno em breve se afirmará como um dos maiores ciclistas de todos os tempos, mas advertiu que o desgaste psicológico pode ser um obstáculo maior do que os limites físicos.
"Terminar a corrida, mais cedo ou mais tarde, depende de quanto se quer terminar. Mas se ele continuar a ter boa forma e estiver motivado, será ele a ultrapassar os próprios limites", afirmou Indurain, que destacou que o desporto de elite exige uma disciplina implacável. "No nosso desporto, temos de fazer grandes sacrifícios, treinar imenso e cuidar do nosso corpo. Mas muitos ciclistas enfrentam problemas mentais devido ao enorme stress e à responsabilidade, o que pode afetar o desempenho", explicou.
Quando questionado sobre os sinais de cansaço que Pogacar tem demonstrado, que já mencionou a ideia de se reformar, Indurain foi direto. "As viagens constantes, o stress da competição e o risco de quedas pesam muito sobre os ciclistas", disse ele. "São desafios que temos de enfrentar, mas ao longo do tempo isso cansa. Alguns ciclistas conseguem suportar mais, outros menos".
Indurain também refletiu sobre o compromisso pessoal necessário para o sucesso ao mais alto nível. "Para se ser um grande ciclista, é preciso ter uma paixão genuína pelo que faz e estar totalmente convencido da escolha. Isso vai determinar a carreira de cada um", afirmou.
Indurain fez ainda uma análise sobre o panorama atual das corridas e o caminho de cada ciclista. "Agora vemos quem vai terminar a temporada e como o fará. A Volta à Polónia está em curso, a Volta à Noruega e a Volta a Burgos também (declarações do fim-de-semana). Cada ciclista tem sua própria preparação. Muitos utilizam as corridas de final de temporada de forma estratégica. Já sabemos que, com a Vuelta no final da época, quem não esteve no Giro ou quem teve um Tour ruim vai-se querer destacar", comentou.
O ex-ciclista também comentou sobre a evolução do desporto. "O ciclismo está a mudar, está a tornar-se mais rápido, mais intenso, mais leve... Cada aspeto está a melhorar, desde a velocidade, as estradas, as rodas, até o equipamento. Tudo está evoluindo para levar os ciclistas ao limite, e isso não acontece só no ciclismo, mas em todos os desportos", afirmou.
Recordando sua própria época de competição, Indurain falou sobre como o desporto tem evoluído ao longo do tempo. "Quando comecei, passámos a ter pedais automáticos, garrafas de contrarrelógio e capacetes. Hoje, temos aerodinâmica de ponta e eletrónica avançada... O progresso é contínuo e aplica-se a todos os desportos", concluiu Indurain.
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