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Uno-X Mobility prepara se para dar um passo decisivo no ciclismo feminino, determinada a afirmar se como uma das melhores equipas do mundo. Depois de entrar no World Tour Feminino em 2022, a formação tem crescido de forma sustentada e 2025 marcou claramente o seu ponto mais alto até agora.
Quase duplicaram o número de vitórias, de oito em 2024 para catorze esta época, sustentadas por um bloco coeso e equilibrado. Sete ciclistas diferentes triunfaram e Mie Bjorndal Ottestad destacou se com cinco vitórias, simbolizando a diversidade de opções internas.
Apostar no talento escandinavo
“Vamos agora focar nos mais na equipa feminina. Vamos tentar estar entre as três melhores equipas do mundo, contratando as grandes estrelas”, afirmou o diretor geral, Thor Hushovd, perante a audiência do Rouleur Live, em declarações recolhidas pela
Domestique. No seu entendimento, o ciclismo feminino passará a estar no centro da estratégia global da Uno X.
O plano passa por combinar a contratação das figuras internacionais mais relevantes com um investimento contínuo em jovens ciclistas escandinavas, conscientes de que referências fortes são fundamentais para atrair talento emergente da região.
“As jovens norueguesas e dinamarquesas, e de toda a Escandinávia, olham para isto e pensam que adoravam ser essa ciclista a levar mais cores da Uno X para França, para termos mais raparigas a andar de bicicleta.”
Segundo Hushovd, esta visão é o resultado de várias épocas de preparação. “Este é um projeto de longo prazo e não é algo que tenha acontecido de um dia para o outro ou nos últimos dois anos. Tem sido passo a passo, a construir até chegar ao nível em que a equipa está agora.”
A ascensão da Uno X começou com uma ideia simples do patrocinador principal: “Não há melhor forma de mobilidade do que andar de bicicleta.” Em vez de apostar em campanhas de marketing tradicionais, a empresa decidiu posicionar se através do ciclismo, uma estratégia que, para já, parece ter valido a aposta.
Hushovd reforçou ainda a visão de continuidade, um elemento raro numa modalidade que frequentemente enfrenta fragilidade financeira. “Há planos maiores, é a longo prazo e, como os proprietários disseram, estamos nisto para durar. Isso é bom para todos nós e é bom para o desporto.”
Katrine Aalerud fez uma temporada muito sólida, concluindo o Giro no décimo lugar
Coesão escandinava como vantagem competitiva
O ex profissional
Alexander Kristoff, que terminou recentemente uma carreira de enorme longevidade, destacou o peso da identidade cultural no sucesso crescente da equipa. “Somos um grupo de ciclistas noruegueses ou dinamarqueses, por isso entendemo-nos facilmente, porque falamos mais ou menos a mesma língua.”
Comparou esta realidade com outras equipas mais heterogéneas. “Já estive em equipas internacionais e, normalmente, é agradável enquanto se mantém diverso, mas de repente podem ser seis franceses e nós mais dois, e a mesa inteira fala francês. Se não entendes francês, deixa de ser tão interessante.”
Essa coesão estende se à forma como a equipa aborda a competição. Após um Tour masculino muito sólido, com vitória de etapa e um top 6 na classificação geral, a Uno X apresenta um método claro. “Temos sempre um objetivo, tentando ter pelo menos um ciclista para quem possamos trabalhar, ou até alguns. E temos sempre um plano sobre como conquistar algo”, explicou Hushovd.
Com a equipa masculina a confirmar a permanência no UCI WorldTour, depois de um sprint final de temporada que permitiu ultrapassar a Cofidis, e com o programa feminino prestes a receber um reforço estrutural significativo, a Uno X posiciona se como uma verdadeira incubadora de talento escandinavo a longo prazo. “Depois iremos construir e encontrar as próximas estrelas da Escandinávia”, concluiu Hushovd.