"Não estás longe de destrinçar esta subida" Ex-profissional (Nacer Bouhanni) troca o sprint pela maratona e brilha com tempo de 2h31 em Valência

Nacer Bouhanni surpreendeu os seguidores com uma prestação de maratona de encher o olho em Valência, cronometrando 2h31m nos 42,2 km, um ritmo extraordinário de 3:34 por quilómetro e, de longe, o resultado pós-reforma mais impressionante do antigo sprinter francês.

A corrida, carregada no Strava na manhã de domingo, mostra Bouhanni a completar 42,41 km em redor de Valência, com melhor estimativa de maratona em 2:30:45.

O feito gerou elogios imediatos de colegas de pelotão, com o compatriota e ex-rival ao sprint Arnaud Demare a comentar na atividade: “Sólido! Em dois anos já é uma grande performance, não estás longe de destrinçar esta subida”.

Bouhanni, seis vezes vencedor de etapas em Grandes Voltas e um dos sprinters franceses mais prolíficos da década de 2010, pendurou a bicicleta no final de 2023 após anos marcados por lesões. Mas a sua saída em Valência sugere que a potência explosiva que o tornou um finalizador temido se traduziu numa base de endurance notavelmente alta a correr.

O francês é o mais recente de uma vaga surpreendente de profissionais recentemente retirados a descobrir uma segunda vida desportiva fora do pelotão e a produzir tempos que chamam a atenção mesmo no mundo da corrida.

Tom Dumoulin deu o tom no ano passado quando fez 1:10:04 numa meia maratona antes de completar a sua estreia em maratona em 2:29:21, descrevendo depois como os quilómetros finais foram brutalmente duros, apesar do seu passado de vencedor de uma Grande Volta.

Neste outono, Tony Martin, quatro vezes campeão do mundo de contrarrelógio e o poderoso “Panzerwagen”, alinhou na sua primeira meia maratona, terminando em 1:24:00. Apesar de admitir abertamente que foi “incrivelmente dura e dolorosa”, o alemão confirmou que pretende voltar no próximo ano para melhorar o tempo.

A corrida de Bouhanni, porém, destaca-se mesmo face a essas marcas. Sendo um sprinter com 70 vitórias na carreira e um perfil mais pesado e orientado para a potência do que puros homens de geral ou especialistas de contrarrelógio, uma maratona em 2h31m é um referencial excecional, o tipo de resultado que normalmente exige não só lastro aeróbico como preparação de corrida dedicada e disciplinada.

Ainda não há indicações sobre se Bouhanni pretende comprometer-se plenamente com a maratona, mas o resultado em Valência confirma um padrão claro, mais do que um momento isolado. Já registara tempos rápidos, incluindo uma maratona anterior na casa das 2:34, e este novo referencial de 2h31m mostra que a sua progressão a correr continuou bem para lá da reforma.

Colocado ao lado de exibições semelhantes de Dumoulin e Martin após o fim da carreira, Bouhanni surge agora como um dos ex-ciclistas profissionais mais rápidos a testar-se nos 42 km. E, a julgar pelo veredito bem-disposto de Demare, o mundo do ciclismo está claramente atento a até onde pode levar esta nova disciplina.