Durante anos, a
Soudal - Quick-Step investiu tempo e recursos para construir uma equipa de apoio em torno de
Remco Evenepoel, com o objetivo de o lançar como verdadeiro candidato às classificações gerais das grandes voltas. A saída confirmada do campeão olímpico para a Red Bull - BORA - Hansgrohe no final de 2025 deixa não só um vazio evidente, mas também uma oportunidade rara para outros ciclistas darem um passo em frente. Entre eles está
Ilan van Wilder, durante muito tempo o braço direito de Evenepoel.
Apesar de terem seguido calendários diferentes em grande parte desta temporada, os dois voltaram a partilhar a estrada na
Volta à Grã-Bretanha, onde van Wilder desempenhou um papel determinante na subida final ao The Tumble, preparando o terreno para que Evenepoel conquistasse a etapa num sprint de montanha. Foi um momento simbólico, que poderá ter marcado uma espécie de despedida entre líder e escudeiro.
A partir de 2026, Van Wilder terá de se afirmar sozinho.
"É preciso ter pernas para isso, sabe. Não é óbvio", admitiu ao Sporza. "Certamente que não me vou declarar líder em todas as corridas, mas vou aprender a assumir essa responsabilidade, aconteça o que acontecer".
Um palmarés em construção
Van Wilder já mostrou flashes de liderança no passado. Em 2023, destacou-se com triunfos na Volta à Alemanha e na prestigiada Tre Valli Varesine, mas foi sobretudo a consistência em provas de uma semana que lhe permitiu cimentar o estatuto de candidato sólido para o futuro.
Em 2024 somou dois quartos lugares, no UAE Tour e na Volta à Romandia, enquanto este ano acumulou presenças regulares no Top 10 em corridas como a Volta ao Algarve, o Paris-Nice, a Volta ao País Basco e a Volta à Suíça. Sem resultados de grande impacto, mas sempre competitivo, van Wilder foi moldando o perfil de ciclista de geral paciente, ainda em processo de evolução.
A nova responsabilidade sem Remco
Com Evenepoel de saída, a Quick-Step prepara terreno para que o belga de 25 anos assuma, pelo menos em parte, o papel de líder. A equipa quer dar-lhe espaço, mas também exige resultados.
"Sim, estou ansioso por isso. Não me estou a esforçar para chegar ao nível de Remco ou de outros ciclistas de topo. Para mim, isso é um nível inferior. Mas ainda tenho margem para melhorar".
Van Wilder mantém os pés assentes no chão, sem ambicionar títulos imediatos, mas com a consciência de que a sua hora chegou.
"Não preciso de ganhar 10 corridas por ano, mas se conseguir levantar a mão no próximo ano ou ser muito consistente nas principais corridas, ficarei muito feliz".