"Temos uma situação estranha em que os Emirates estão a puxar e o Soler está sozinho na frente" Apesar de polémicas, Bruyneel e Martin defendem as táticas da UAE em La Farrapona

Ciclismo
domingo, 07 setembro 2025 a 11:30
MarcSoler (2)
A 14ª etapa da Volta a Espanha 2025 voltou a deixar claro que esta edição está a ser marcada pelo domínio da UAE Team Emirates - XRG, ainda que a forma como a equipa gere os seus líderes continue a alimentar debate. O espanhol Marc Soler venceu de forma convincente na chegada a La Farrapona, depois de integrar a fuga do dia, conquistando assim a sétima vitória da formação em 14 etapas, um registo absolutamente impressionante.
Contudo, a forma como a etapa se desenrolou levantou interrogações. Enquanto Soler seguia na frente, a própria UAE trabalhou longos quilómetros no pelotão, endurecendo a corrida contra Jonas Vingegaard mas sem lançar João Almeida ao ataque. O vento contrário acabou por anular qualquer tentativa séria de diferença entre os favoritos.
No podcast The Move, Spencer Martin analisou a contradição:
"Temos uma situação estranha em que os Emirates estão a puxar e agora o Soler, depois de fazer a cena do ‘não estou assim tão forte’, está sozinho na frente. Na verdade, ele era o mais forte da fuga, surpresa. Mas é complicado, havia vento contrário, não era óbvio que Almeida pudesse atacar. Nem sequer era óbvio que valesse a pena para o Soler desistir".

Soler apareceu em Farrapona, depois de não ter ajudado Almeida no Angliru

O espanhol respondeu às críticas recentes com a sua melhor exibição na corrida, mostrando força e inteligência para resistir ao pelotão. Johan Bruyneel destacou o impacto da vitória:
"Hoje vimos um Soler super forte. É um ciclista que, quando está na fuga e recebe luz verde, é muito difícil de bater. Para mim, foi impressionante. E não podemos esquecer: 50% das etapas da Vuelta até agora foram ganhas por corredores da UAE. Isso é absolutamente incrível".
Bruyneel sublinhou ainda que a vitória de Soler não parecia estar nos planos:
"Tenho 100% de certeza de que isto não fazia parte do plano inicial. Mas é como se tudo funcionasse para a Emirates. Até quando não tentam, conseguem. Foi a 80ª vitória da equipa esta época, um número que fala por si".

Ayuso troca de papel e Almeida mantém-se estável

Se na frente Soler brilhou, atrás houve também sinais de evolução. Pela primeira vez nesta Vuelta, Juan Ayuso assumiu de forma clara funções de apoio a João Almeida, endurecendo o ritmo na subida final. Bruyneel valorizou essa atitude:
"Gostei do que vi hoje da Emirates. Pareciam sólidos. Pode-se perguntar porque é que Soler esteve na fuga em vez de trabalhar, mas a verdade é que não precisaram dele atrás. O que realmente me chamou a atenção foi Ayuso: fez um grande trabalho na última subida. É isso que devíamos ver mais vezes".
Apesar de todas as tensões recentes, o antigo diretor desportivo acredita que o ambiente interno é positivo:
"Independentemente do que especulámos, não consigo imaginar que o ambiente no hotel, no autocarro e à mesa do jantar não seja fantástico. Ganhar sete etapas cria uma moral fortíssima".
Nas redes sociais, porém, a crítica mantém-se: muitos questionam se a equipa não deveria ter colocado todos os trepadores exclusivamente ao serviço de Almeida. Bruyneel deixou a sua perspetiva:
"Nunca ouvi críticas internas a dizer que o Soler é egoísta. Ele é peculiar, faz coisas que nem sempre entendemos, mas se lhe pedirem trabalho, ele cumpre e faz muito bem".

Almeida contra Vingegaard: diferenças mínimas

No duelo pela camisola vermelha, a verdade é que pouco mudou. Vingegaard resistiu sem grandes dificuldades, ganhando 2 segundos de bonificação no sprint final contra Almeida. Com as etapas mais duras já ultrapassadas, o tempo para virar a geral escasseia.
Spencer Martin resumiu o cenário:
"Não sei se vão conseguir ganhar tempo até ao contrarrelógio. As etapas que faltam são muito parecidas entre si, cópias umas das outras. Não há muito espaço para Almeida atacar".
Já Bruyneel destacou a consistência do dinamarquês:
"Vingegaard pode terminar mais uma Grande Volta no pódio, algo que faz desde 2021. É inacreditável. Há apenas outro ciclista com essa regularidade: Tadej Pogacar. E a pior classificação de Pogacar numa Grande Volta foi… terceiro lugar. Nunca ficou fora do pódio".
aplausos 0visitantes 0
loading

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios

Loading