"Almeida podia ter derrubado Vingegaard" Zonneveld critica falta de apoio da Emirates a João Almeida na Vuelta

João Almeida e Jonas Vingegaard mediram forças na 14ª etapa da Volta a Espanha 2025, com final em La Farrapona, mas o duelo entre os dois candidatos à camisola vermelha acabou por se decidir apenas no sprint final. O dinamarquês da Team Visma | Lease a Bike foi o mais rápido, selando a 2ª posição, e adicionando dois segundos de bonificação face ao português da UAE Team Emirates - XRG.

A diferença entre ambos continua mínima antes da última semana de corrida, mas, para o analista neerlandês Thijs Zonneveld, a razão para Almeida ainda não ter assumido a liderança está na forma como a equipa dos Emirados tem gerido a corrida.

"Penso que o Soler é melhor companheiro de equipa do que o Ayuso, mas não o quero pôr no mesmo saco. Mas isto é um caso típico dos Emirates. Não nos vamos juntar à fuga", disseram. E depois, com dois ciclistas na fuga, tentaram ganhar a etapa", analisou Zonneveld no podcast Het Wiel.

A 14ª etapa voltou a ser dia de montanha, com mais um triunfo para os homens da Emirates, que têm colecionado vitórias na corrida. Até agora, todas as etapas de montanha, com exceção de Valdezcaray, foram conquistadas pelos ciclistas da equipa. Foi precisamente aí que Vingegaard conseguiu ganhar a maior parte da vantagem que tem atualmente sobre Almeida.

Depois do Angliru e da Farrapona, Zonneveld deixou claro que vê sinais de maior consistência do português.

"Se víssemos como Vingegaard estava a sofrer nos últimos dois quilómetros e a dificuldade que teve em contornar Almeida com aquele vento contrário, este teria sido um dia em que Almeida poderia ter derrubado Vingegaard".

Na opinião do especialista, a equipa deveria ter apostado mais vezes num comboio de montanha em torno de Almeida.

"Não usaram o comboio inteiro para Almeida uma única vez, e acho que ele precisa dele. E quando o vejo nestes últimos dois dias, penso sinceramente que ele até pode ser melhor nos esforços longos do que o Vingegaard. Por isso, não aproveitaram bem essas oportunidades, especialmente hoje", explicou, sublinhando que o vento contrário acabou também por condicionar o desfecho da etapa.

Zonneveld acrescenta que o desgaste acumulado será determinante no que resta da Vuelta.

"Vingegaard não está fresco, nem em forma. É compreensível, porque ele correu o Tour, e foi um Tour terrivelmente duro, depois do qual até o melhor ciclista do mundo disse: 'Não me apetece correr durante algum tempo'. Vingegaard foi para casa durante algum tempo e foi diretamente para a Vuelta, enquanto Almeida pôde preparar-se em altitude".

O analista recorda ainda a forma como Jonas conseguiu derrotar Pogacar na Volta a França e sugere que a Emirates deve adotar uma abordagem semelhante para apoiar Almeida.

"Ele precisa de usar a tática que o Vingegaard usou contra o Pogacar: demolir e deixar que as subidas aconteçam. É isso que os Emirates estão a fazer cada vez mais, mas não o fazem com todos", acrescentou.

E concluiu com uma avaliação crítica:

"Até agora, isso custou-lhes a Vuelta, pode dizer-se de forma simples. E Almeida teria perdido três quartos do seu tempo se a sua equipa, e ele próprio, tivesse prestado mais atenção. É uma decisão difícil, estes dois tipos".