"Não quero correr os riscos que corri durante anos" - Michael Woods retira-se devido a uma perda de motivação

Michael Woods vai despedir-se do ciclismo de estrada profissional após uma década no pelotão. O canadiano, que iniciou tardiamente a carreira no WorldTour aos 29 anos, deixa para trás um percurso marcante, coroado com quatro vitórias em etapas de Grandes Voltas e uma medalha nos Campeonatos do Mundo de 2018. Apesar de uma última época menos brilhante, Woods sai de cena com o reconhecimento de uma carreira sólida e respeitada.

"O Campeonato do Mundo de Montreal tornou definitivamente mais difícil a minha decisão de me retirar", admitiu ao WielerFlits. "O meu objetivo era chegar a esse campeonato do mundo em 2026, mas não quero competir apenas para estar presente. Quero ser competitivo e percebi que seria demasiado difícil para mim estar no meu melhor para essa corrida".

Woods, hoje com 38 anos, revelou que a decisão está mais ligada à segurança do que a uma perda de paixão. "Ainda estou em boa forma, mas já não tenho vontade de correr os riscos necessários para competir verdadeiramente", explicou, recordando as várias quedas graves que sofreu nos últimos anos, incluindo um em março.

Com dois filhos pequenos, a balança entre os riscos e a vida familiar acabou por pesar. "Adoro este desporto e estou muito grato ao ciclismo. Mas, tendo em conta a minha idade e a minha família, acho que é altura de parar. Não quero correr os riscos que corri durante anos".

Apesar do adeus ao pelotão, Woods não deixa de sublinhar a gratidão. "Sinto-me muito afortunado por ter feito parte deste desporto. Continuo a adorar pedalar, adoro treinar e levar o meu corpo ao limite. Mas já não gosto dos riscos. É isso que mudou".

O canadiano também frisou a importância de abrir espaço para os talentos emergentes, como Derek Gee e Michael Leonard. "Acho que estou a prestar um mau serviço aos jovens ciclistas ao ocupar o lugar deles. Eles podiam estar a mostrar as suas capacidades em corridas no seu próprio país".

Ao longo da carreira, Woods destacou-se como um trepador explosivo, capaz de brilhar em finais duros, como demonstrou na vitória da 13ª etapa da Volta a Espanha 2024, entre outras jornadas memoráveis.

O seu futuro, contudo, continuará ligado ao desporto. Woods já prepara novos desafios para 2026 e não esconde o entusiasmo pelas provas de gravel, cada vez mais populares na América do Norte. "A minha forma continua a ser muito boa e isso nota-se nos meus dados de treino. Sei que só me restam alguns anos ao mais alto nível, por isso quero aproveitá-los em novos desafios", afirmou.

Entre as ideias, estão o triatlo, as corridas de trail e até o ski touring, também conhecido como ski mountaineering. "Estou ansioso pelo que vem a seguir. A gravilha é um dos objetivos, mas quero diversificar e experimentar modalidades diferentes".