"Nunca vi nada assim" - Treinador belga surpreendido com exibição excecional de Tadej Pogacar na Lombardia

A forma como Tadej Pogacar se apresentou nas últimas semanas da época de 2025 deixou o mundo do ciclismo boquiaberto. As suas vitórias a solo nos Campeonatos do Mundo, nos Campeonatos da Europa e na Il Lombardia podem não ter sido cheias de suspense, mas o domínio do esloveno foi absoluto e de cortar a respiração.

Entre os observadores admirados encontra-se o treinador belga Paul Van den Bosch, veterano que trabalhou com ciclistas como Tim Wellens. "Estou neste negócio há muitos anos", disse ao Sporza. "Nunca vi nada assim."

A temporada de outono de Pogacar tem sido marcada por um controlo implacável e uma superioridade física esmagadora. Nos Mundiais de Kigali, desmantelou o pelotão com um ataque a solo de longo alcance, evocando as eras douradas do ciclismo. Uma semana depois repetiu o feito nos Campeonatos da Europa e, finalmente, na Lombardia, consolidando uma das campanhas de final de época mais dominantes de que há memória.

Enquanto muitos ciclistas de topo começam a acusar a fadiga, Pogacar eleva-se a outro nível. Van den Bosch acredita que é exatamente essa capacidade que o distingue.

"Hoje, o nível de desempenho de um ciclista é medido pela sua força física", explicou. "Todos treinam muito atualmente, mas a verdadeira questão é: quem consegue aplicar mais potência? Pogacar é uma exceção."

Esta exceção não se vê apenas em dia de corrida. Nos bastidores, os números de treino de Pogacar são impressionantes. As suas sessões de resistência situam-se entre os 320 e os 340 watts na Zona 2, valores que a maioria dos profissionais só conseguiria sustentar numa corrida.

"Para ele, isso equivale a cerca de cinco watts por quilo", acrescentou Van den Bosch. "Para a maioria, seria já treino máximo. Mas ele mantém este ritmo durante seis horas. Quase todos os seus blocos de treino são de alta intensidade, enquanto outros têm de planear blocos mais fáceis. Até as pedaladas ‘fáceis’ dele têm mais potência do que as de muitos adversários."

Esta capacidade de treinar ao ritmo da corrida explica porque Pogacar parece tão tranquilo no pelotão. Em Strade Bianche, no início da época, destacou-se do pelotão com o que chamou de "velocidade de treino", um ritmo suficiente para deixar cair adversários de classe mundial.

"Quando ele ainda está na Zona 2, está a queimar gordura enquanto os outros esgotam o glicogénio", observa Van den Bosch. "No final da corrida, ainda consegue manter-se a todo o gás durante mais duas horas. Essa é a diferença."

A época de 2025 de Pogacar é histórica. Depois de recuperar a Camisola Amarela na Volta a França, conquistou a Camisola Arco-Íris em Kigali, somou o título europeu e fechou com a sua quarta vitória consecutiva na Lombardia. O esloveno, já um talento de geração, atingiu neste outono um nível que deixa os rivais sem respostas.

Van den Bosch resumiu de forma clara: "Já vi muitos grandes campeões, mas o que Pogacar está a fazer agora… nunca vimos nada assim."