O ciclismo português vive um excelente momento e os resultados mais recentes só confirmam essa tendência.
João Almeida teve uma semana memorável na
Volta ao País Basco, onde venceu duas etapas e conquistou, de forma brilhante, a classificação geral final. Por outro lado,
António Morgado continua a impressionar com prestações muito sólidas em dois Monumentos: a
Volta à Flandres e a
Paris-Roubaix.
Na exigente corrida basca, marcada por etapas curtas e explosivas, Almeida mostrou inteligência táctica, consistência nas subidas e uma rara capacidade de decisão. O português da UAE Team Emirates -XRG não só venceu uma chegada ao sprint em subida como impôs a sua autoridade na etapa rainha da prova, garantindo assim a vitória na classificação geral, um feito de grande prestígio, sobretudo numa prova recheada de nomes de topo.
João Almeida carimba a primeira vitória de um português na Volta ao País Basco com uma vitória na etapa rainha da prova
Enquanto isso, António Morgado vai traçando um percurso diferente, mas igualmente promissor. Com apenas 21 anos, o corredor da UAE está a viver a sua segunda primavera entre os profissionais de topo e a lidar com os paralelos e o caos das clássicas com uma maturidade impressionante. Na Flandres e em Roubaix, concluiu ambas as provas com classe, sem medo dos grandes nomes e sem se esconder na dureza das corridas. Um sinal claro de que não é apenas um talento de sub-23, é um ciclista feito para o World Tour.
O que impressiona em ambos é que não são apenas bons corredores portugueses. São bons corredores, ponto. Correm com inteligência, ambição e capacidade de adaptação. João Almeida irá voltar a apontar ao pódio nas Grandes Voltas. António Morgado, se continuar assim, pode tornar-se um caso raro de termos um português capaz de brilhar em provas com paralelos e alta intensidade táctica.
O ciclismo nacional pode não ter ainda a profundidade de outras nações, mas tem dois talentos a funcionar como a locomotiva de uma geração. Em comum, João e António partilham a sobriedade e a solidez, um traço cada vez mais valorizado numa modalidade onde o caos é regra. E isso é, talvez, o mais português que há neles: a arte de aguentar, resistir e, com tempo, conquistar.
Hoje, o mundo olha para Almeida como um candidato natural a qualquer corrida por etapas. E começa a olhar para Morgado como um nome para seguir nas clássicas. Portugal, discretamente, chegou à elite. E parece que veio para ficar.
António Morgado durante o reconhecimento da Paris-Roubaix 2025
Almeida e Morgado em números
João Almeida em 2025 (até abril):
- 25 dias de competição
- Vitórias: 4 (3 etapas + geral da Volta ao País Basco)
- Pódios: 3 (incluindo 2.º na geral da Volta ao Algarve e na Volta à Comunidade Valenciana)
- Dias com camisola de líder: 3
- Top-10 em etapas/corridas: 13
- Vitória na Classificação por Pontos da Volta ao País Basco
- Classificação da Montanha: 2º Volta ao Algarve, 3º Paris-Nice
António Morgado em 2025 (até abril):
- 21 dias de competição
- Monumentos: 2 - Flandres (94º) e Roubaix (24º)
- Melhores resultados:
- 1º Gran Premio Castellón - Ruta de la Cerámica
- 1º Figueira Champions Classic
- 3º Trofeo Calvià
- 3º Clàssica Comunitat Valenciana 1969 - Gran Premi València
- 3º Classificação da Juventude da Volta ao Algarve
Calendário para 2025:
João Almeida
29/4 - Volta à Romandia
15/6 - Volta à Suíça
5/7 - Volta a França
23/8 - Volta a Espanha
António Morgado
24/4 Volta ás Astúrias
15/6 -Volta à Suíça
4/8 - Volta à Polónia
20/8 - Renewi Tour
23/8 Volta a Espanha