Rubén Guerreiro este presente no podcast "Ontem já era tarde" da SIC Notícias, onde abordou os mais variados temas da sua carreira ciclística, abordando temas que vão desde os seus tempos de miúdo, passando pelas primeiras pedaladas como ciclista federado em BTT, recordando o ano em que foi o rei da Montanha na Volta a Itália de 2020, até aos dias de hoje, onde cumpriu mais uma época ao serviço da equipa espanhola da Movistar Team.
O Cowboy de Pegões abraçou a modalidade como federado após ter desistido do futebol "Fiz a formação no Samora Correia" confessou, passando por outras equipas até aos 14 anos, quando descobriu que não era no futebol que encontrava a felicidade, mas em cima das duas rodas " O meu pai era praticante de ciclismo. Se eu falasse da Volta a França com os meus amigos, ficava a a falar sozinho. Só gostavam de futebol. Eu já fazia umas meias maratonas e maratonas com a malta que gosta de andar de bicicleta ao domingo como não federado, mas foi aos 15 anos que fiz a minha primeira corrida como federado."
Emigrou cedo, para a equipa de Axel Merckx, porque " fui com 20 anos para fora, tive pessoas que me ajudaram e fui para os estados unidos, onde fiz a minha formação onde pude competir com os melhores ciclistas do mundo de sub-23 e alguns elites o que foi fundamental para o meu desenvolvimento. Se não tivesse dado esse passo não chegaria onde estou hoje" reconhecendo que " há uma diferença enorme entre o estrangeiro e Portugal nesta modalidade"
Na Volta a Itália de 2020 brilhou nas montanhas transalpinas, conquistando a camisola azul, símbolo de líder da montanha" gosto mais de descer", ri-se. "Se estiver em boa forma gosto de subir. É preciso estar mesmo no ponto em termos atléticos, físicos e mentais. Tens de ter estes três tipos de características, mais a bicicleta e a equipa à tua volta, ter tudo perfeito para seres competitivo ao mais alto nível"
" A vida de um ciclista profissional é muito rigorosa, não posso ir a uma noitada porque senão o corpo vai pagar por essa noite durante semanas" relembra, para " Não podemos comer o que nos apetece. A nutrição é fundamental, porque depende de ciclista para ciclista a nível de carboidratos, se és sprinter, trepador, contrarrelogista", disse.
A conversa passou por Tadej Pogacar, que fez uma ´época fantástica, e as comparações que existem com Merckx, sendo instado a comentar sobre qual é a posição que o ciclista esloveno ocupa no ciclismo. "Os resultados estão à vista. Fez uma das melhores épocas de sempre da história. Eu conheci-o bastante novo, nunca foi meu colega mas víamos logo que ele era diferente, estava ali um talento. Corri contra ele várias vezes e só lhe ganhei uma vez. Víamos logo que estava ali um talento fora do normal e o facto é que ele tem evoluído de ano para ano. Bate-se nas Clássicas de um dia, nas corridas de uma semana, ganha as Grandes Voltas, é realmente um dos grandes do ciclismo."
Sobre as suspeitas sobre doping que recaem sobre Pogacar, por ganhar tudo, um pouco à imagem dos tempos de Armstrong, será que não estrará o ciclista da UAE a ter uma "ajuda divina", Guerreiro é sintomático a responder. "Como o ciclismo é uma modalidade tão bruta e tão imprevisível, temos sempre aquela ideia, aquela vozinha a desconfiar. O Armstrong deixou um buraco enorme, porque ele era mais que um ciclista, era um vencedor na vida por causa de uma doença muito grande que teve ( cancro nos testículos ed.) e fazia o contacto com os media como ninguém. Ele era uma bandeira, era muito inteligente. A forma como saiu foi horrível e deixou um buraco enorme na modalidade"
"O Lance Armstrong era como um herói de cinema. Uma referência por tudo aquilo que conseguiu alcançar no ciclismo e também fora dele. Senti que o meu herói tinha mentido toda a vida”, lamenta Ruben Guerreiro.