"O Giro tirou-me tudo... Tive diarreia durante três dias" Conseguirá Marlen Reusser reerguer-se e conquistar o mundial de CRI?

Ciclismo
domingo, 21 setembro 2025 a 11:00
MarlenReusser (2)
Marlen Reusser vai alinhar hoje no contrarrelógio individual do Campeonato do Mundo no Ruanda como uma das grandes favoritas. A suíça é há vários anos uma das melhores especialistas na disciplina e, apesar dos contratempos que marcaram a sua temporada, acredita que pode voltar a lutar pelos primeiros lugares. Depois de ter abandonado a Volta a França Feminina em julho, a recuperação foi tudo menos linear, mas isso não lhe retirou ambição.
As expectativas eram elevadas para o Tour, mas a própria ciclista reconhece que já chegava debilitada. "O Giro tirou-me tudo. Tive diarreia durante três dias, perdi dois quilos; foi uma luta enorme", contou à Watson. Pouco depois, sofreu uma intoxicação alimentar e, quando começou a Volta a França Feminina, o corpo já não respondia. Forçada a abandonar, voltou a adoecer na sequência desse esforço acumulado.
Com 34 anos, Reusser soma experiência para lidar com pressão e obstáculos. Embora o Tour tenha sido uma frustração, deixou claro desde cedo que o seu verdadeiro objetivo estava no Mundial. "Mesmo a 95% consigo correr muito depressa. Não vou desistir e o meu foco está no contrarrelógio", assegurou.
Um dos pilares da preparação tem sido o trabalho conjunto com Hendrik Werner, treinador e parceiro. A filosofia que lhe incutiu alterou a forma como encara os treinos. "A filosofia do Hendrik é que nunca se deve espremer o limão até ao fim. Dá-me treinos que consigo cumprir sem me destruir. Eu sempre pensei que tinha de ser extremamente difícil e que era preciso ir além dos limites para melhorar".
marlen reusser 2
Reusser foi 2ª classificada no Giro 2025
Essa abordagem trouxe algumas discussões no início, admite. "Houve fricções, claro. Mas com o tempo percebi os benefícios. Treino muito duro, mas já não como há dez anos". Para alguém que tantas vezes levou o corpo ao extremo, o desafio é agora procurar equilíbrio e garantir longevidade.
Reusser também não evita temas delicados no pelotão, sobretudo a relação entre peso e rendimento. Depois da Volta a França Feminina, manifestou preocupação com a perda de peso de Pauline Ferrand-Prévot antes da vitória no Tour. "Esperávamos secretamente que a Pauline não tivesse sucesso. Ela estabeleceu um novo padrão, porque quando alguém ganha tanto dessa forma, isso cria pressão sobre todas nós", confessou.
A sua franqueza trouxe um debate importante a um desporto onde questões de saúde e imagem corporal permanecem tabu. Mais recentemente, fez uma reflexão mais íntima. "Faço-me estas perguntas: o que é saudável? O que não é? Onde estão os limites? E para mim: o que estou disposta a exigir do meu corpo? Não tenho ainda uma resposta definitiva. Penso muito nisso. Claro que cuido do meu peso, mas não tento baixá-lo conscientemente. Até onde estou disposta a ir é algo com que tenho de lidar".
As palavras da suíça refletem a tensão sentida por muitas ciclistas: a busca pela performance máxima sem sacrificar a saúde. Como uma das contrarrelogistas mais bem-sucedidas da sua geração, tem peso não só nos resultados mas também na influência dentro do pelotão. Para já, contudo, a sua atenção está toda em Kigali. Se o corpo responder, Reusser será uma das grandes favoritas à camisola arco-íris. Os problemas do verão deixaram marcas, mas a determinação continua intacta.
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