"O impacto que teve na minha saúde foi significativo" Vencedor de etapas no Tour e na Vuelta anuncia final da carreira aos 38 anos

Ciclismo
segunda-feira, 18 agosto 2025 a 10:30
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A Israel - Premier Tech confirmou que Michael Woods vai pendurar a bicicleta no final da época de 2025, encerrando uma das carreiras mais singulares e notáveis da última década do World Tour. O canadiano, que apenas enveredou pelo ciclismo profissional aos 25 anos após uma promissora carreira como corredor de meia distância, transformou-se num dos trepadores mais temidos do pelotão internacional.
Em 11 temporadas no escalão máximo, Woods somou vitórias e feitos memoráveis: venceu em Puy de Dôme na Volta a França de 2023, conquistou o bronze no Campeonato do Mundo de 2018, esteve em destaque nos pódios das Clássicas das Ardenas e triunfou em finais de montanha icónicos, gravando o seu nome entre os trepadores de referência da sua geração.

Reflexões de um veterano

Numa sentida mensagem divulgada pela equipa, Woods refletiu sobre os privilégios e as exigências da vida de ciclista profissional:
"Sempre que participo numa corrida, sinto uma imensa sensação de sorte, pois é verdadeiramente um luxo puro. Andar à volta de França enquanto literalmente milhões de pessoas assistem… é o meu trabalho, e isso é de loucos. Mas, por mais sorte que tenha tido, este ofício também tem as suas desvantagens. O impacto na minha saúde foi significativo e o tempo longe da família demasiado longo".
Aos 38 anos, Woods admitiu que o ciclismo já não se conciliava com a vida familiar:
"Ser pai mostrou-me como ser um dos melhores ciclistas do mundo é incompatível com ser um bom pai. Ao contrário de outros desportos, o ciclismo exige um calendário interminável e um compromisso absoluto. Foi uma busca que amei e da qual não me arrependo, mas é algo que só pode ser sustentado durante um certo tempo".

Um percurso improvável

A história de Woods é ainda mais extraordinária pelo caminho pouco convencional. Um dos melhores corredores de meia distância do mundo até uma lesão pôr fim à carreira no atletismo, entrou no ciclismo com uma bicicleta oferecida pelos pais e sem experiência significativa na modalidade. Uma década depois, erguia os braços no palco mais prestigiado do ciclismo mundial.
"Comecei aos 25 anos, com uma bicicleta de mil dólares, sem saber nada deste desporto. E acabei por me tornar um dos melhores ciclistas do mundo. É uma jornada de que me orgulho imenso", sublinhou.

Agradecimentos e novos horizontes

Na sua despedida, Woods distribuiu agradecimentos a todos os que marcaram o seu percurso – a família, o treinador de longa data Paulo Saldanha, o proprietário da equipa Sylvan Adams, o colega e compatriota Guillaume Boivin, e diretores dos tempos da EF que acreditaram num perfil improvável, como Juanma Garate e Jonathan Vaughters. Não esqueceu também a comunidade de ciclismo de Otava, que esteve na sua base.
Embora deixe o ciclismo de estrada, Woods não se afasta totalmente da competição:
"Continuo a ter grandes ambições nos desportos de resistência. Tenho planos épicos para os próximos anos. Fiquem atentos".

O último adeus

O canadiano encerrará a carreira no final da presente temporada, deixando uma herança marcada pelo brilhantismo tardio, pela resiliência e por uma rara paixão pelo desporto.
"Passar de noites em que pensava ‘O que fiz de errado?’ até chegar onde cheguei, deixa-me eternamente grato. A todos os que me apoiaram, com mensagens, aplausos na estrada ou oportunidades únicas, o meu obrigado. Obrigado por tudo", concluiu Woods.
A última pedalada profissional de Michael Woods será o fecho de uma história que prova que os sonhos podem nascer tarde, mas, com determinação, podem chegar ao topo do ciclismo mundial.
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