Giulio Pellizzari foi uma das grandes revelações da
Volta a Espanha 2025. O italiano de 21 anos terminou em 6.º lugar da classificação geral, conquistou a sua primeira vitória profissional no Alto del Morredero e tornou-se o ciclista mais jovem de sempre a fechar o top-10 de duas Grandes Voltas na mesma época, superando referências históricas como Felice Gimondi e Laurent Fignon.
Já no ano passado deu mostras do seu potencial, ao ficar em 2.º lugar na classificação da montanha e ao quase bater Tadej Pogacar numa etapa da
Volta a Itália. Naturalmente, um talento assim não ficaria muito tempo numa equipa ProTeam: a Red Bull - BORA - hansgrohe ganhou a corrida pelo seu passe e assegurou-o até 2027.
Pontos a trabalhar segundo Pozzovivo
Apesar da ascensão meteórica, Pellizzari tem margem para continuar a progredir.
Domenico Pozzovivo, com quem esteve na VF Group – Bardiani CSF – Faizanè em 2024, identificou um ponto específico: a forma de pedalar em subidas muito inclinadas.
“Seria interessante ver os ficheiros dele, mas pelo que vejo e me lembro, o Pellizzari corre sempre sentado e em certas inclinações, é importante poder levantar-se do selim”, explicou Pozzovivo à bici.pro. “Se olharmos com atenção, o Vingegaard também o faz. Até um ciclista consistente como o João Almeida. O Pellizzari tem o seu próprio estilo, que lhe garante um nível muito elevado sentado no selim, como vimos nesta Vuelta, mas precisa de aprender a pedalar mais fora do selim. Isso pode ser crucial para o Giulio.”
Segundo o ex-profissional, ficar de pé nos pedais permite gerar picos de potência e mudar de ritmo de forma mais incisiva. “Veja-se o caso do Isaac Del Toro. São os dois são muito parecidos nas subidas, são ambos altos e pedalam muito sentados, mas quando o mexicano se levanta do selim consegue produzir mais watts. É essa a diferença.”
Peso, posição e treino específico
O próprio Pellizzari reconheceu que com 183 cm e 66 kg, certas rampas extremas se tornam mais complicadas. Pozzovivo sugeriu vários caminhos para colmatar essa limitação. “Há exercícios de força no ginásio, mas também se pode ajustar a posição na bicicleta, como a altura do guiador ou das manetes, para tornar mais confortável a pedalada em pé. Mas sobretudo, deve forçar-se a manter-se nesta posição o maior tempo possível, especialmente quando faz trabalho específico ou intenso.”
O italiano lembrou ainda que os tempos dos trepadores ultraleves já lá vão. “O trepador de 50 quilos já não existe e é mais difícil para estes ciclistas manterem-se em pé durante muito tempo. O Jay Vine, que certamente não pesa 50 quilos, é a prova de que se pode ficar fora do selim durante muito tempo.”
Próximo grande palco: os Mundiais no Ruanda
Depois de uma época de afirmação que incluiu top-10 no Giro e na Vuelta, Pellizzari aponta agora ao Campeonato do Mundo de Estrada, a disputar em Kigali, no Ruanda, a 28 de setembro. Tal como Jay Vine, será uma das figuras a seguir de perto num percurso que promete favorecer os melhores trepadores do pelotão.