Oficial: Mathieu Van der Poel recupera a tempo e estará na Volta a França - "O Tour não é a corrida favorita do Mathieu"

Ciclismo
quarta-feira, 04 junho 2025 a 12:40
van der poel
Após semanas de incerteza devido a uma lesão no pulso sofrida numa corrida de BTT em maio, Mathieu van der Poel deverá estar apto para alinhar à partida da Volta a França 2025, a 5 de julho. Será a quinta presença do campeão neerlandês na Grand Boucle, uma prova com a qual mantém uma relação tão desafiante quanto simbólica.
Com nove títulos mundiais em três disciplinas diferentes, Van der Poel é um fenómeno transversal, mas tem encontrado dificuldades em afirmar-se plenamente na mais mediática das Grandes Voltas. Ainda assim, a sua equipa, a Alpecin-Deceuninck, acredita que o percurso deste ano oferece uma rara conjugação de oportunidade e motivação.

Um início de época à campeão

Antes da lesão, Van der Poel já somava mais uma temporada brilhante, com vitórias em 2 monumentos: na Milano-Sanremo e Paris-Roubaix, consolidando o seu estatuto como um dos maiores especialistas em corridas de um dia de sempre. E com várias etapas na primeira semana e meia do Tour adaptadas ao estilo das clássicas, espera-se que o neerlandês aponte às vitórias logo de início, antes de virar atenções para o BTT no final da época.
Mas a versatilidade de Van der Poel, que reparte a época entre estrada, ciclocrosse, gravel e BTT, tem alimentado críticas. Alguns observadores questionam se essa abordagem multilateral não compromete o seu potencial máximo em cada disciplina.

Roodhooft defende o seu líder

Em entrevista à Helden Magazine, um dos patrões da equipa Philip Roodhooft respondeu com firmeza. Para ele, o calendário pouco convencional de Van der Poel é não só válido, mas essencial.
"O Tour não é a corrida favorita do Mathieu, mas de quem é? Talvez de Pogacar e Vingegaard. É uma prova caótica antes, durante e depois de cada etapa".
Roodhooft reconhece a importância simbólica e mediática do Tour, mas contrapõe com a sua dureza ambiental e emocional, não só para os ciclistas como para os jornalistas.
"Pergunto muitas vezes aos jornalistas qual é a corrida mais importante. Todos dizem: o Tour. Mas quando pergunto em qual preferem trabalhar, dizem: o Giro ou a Vuelta. O mesmo se aplica aos ciclistas".
Apesar das reservas, admite que o prestígio da prova é inegável:
"Ganhar uma etapa do Tour tem um impacto muito maior do que ganhar no Giro ou na Vuelta. O Mathieu é suficientemente inteligente para saber isso. Ele não é estúpido, sabes?"

Mais do que um gregário de luxo

Habitualmente, Van der Poel desempenha um papel crucial no sucesso de Jasper Philipsen, lançando-o para as vitórias em etapas planas. Apesar disso, conta apenas com uma vitória pessoal no Tour, um número surpreendentemente baixo face ao seu talento. Em 2025, isso poderá mudar.
Van der Poel e Philipsen têm formado uma dupla temível
Van der Poel e Philipsen têm formado uma dupla temível
Segundo Roodhooft, a ASO (organizadora do Tour) traçou um percurso que favorece atletas versáteis como Van der Poel e Wout van Aert. E fê-lo deliberadamente.
"Depois da edição de 2024, parece-me claro que a ASO quis incluir etapas que favorecessem ciclistas como o Mathieu e o Wout. A sua presença dá mais espetáculo e projeta a prova a outros públicos".

Tour e BTT: coexistência possível

O objetivo, segundo o dirigente, é claro: vencer etapas no Tour sem comprometer a preparação para o Campeonato do Mundo de BTT, agendado para setembro.
"Este ano, há boas oportunidades para o Mathieu no Tour. E depois ainda há tempo suficiente para preparar bem o Mundial de BTT. Não há conflito".
Mas o plano vai além de 2025. O regresso ao BTT nesta temporada é também o primeiro passo rumo a um objetivo mais ambicioso: o ouro olímpico nos Jogos de Los Angeles 2028.
"Parece longe, mas se o Mathieu quiser estar em forma para Los Angeles, tem de começar a preparar-se agora. Sabemos que voltar ao topo no BTT leva tempo".

Filosofia fora da caixa

A abordagem da Alpecin-Deceuninck contrasta com a tendência dominante no ciclismo moderno, marcada pela especialização e pelos ganhos marginais. Aqui, prevalece a confiança mútua e o respeito pelo instinto do ciclista.
"Damos espaço ao Mathieu há quinze anos. Não sentimos que ele esteja a correr riscos irresponsáveis. E se um dia correr mal, dirão que foi estúpido. Mas tem funcionado. E muito bem".
Roodhooft conclui com uma afirmação que diz tudo sobre a relação da equipa com o seu líder: "Não o forçamos a escolher. Combinamos liberdade com disciplina. Tudo dentro de um quadro suficientemente profissional para responder às exigências do ciclismo atual".
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