Onde há fumo há fogo: Remco Evenepoel volta a estar associado à INEOS Grenadiers para 2026

Ciclismo
quinta-feira, 15 maio 2025 a 12:00
evenepoel
Mais uma vez, o mercado de transferências do ciclismo está ao rubro e, mais uma vez, Remco Evenepoel está no centro das atenções. Segundo Riccardo Magrini, da Eurosport Itália, o belga de 25 anos poderá juntar-se à INEOS Grenadiers em 2026. Nada está confirmado, mas a especulação reacendeu-se de imediato, como tem sido habitual ao longo da breve, mas já brilhante, carreira do ciclista da Soudal – Quick-Step. E como tantas vezes acontece neste meio, onde há fumo, há fogo.
Evenepoel é há muito a figura de proa da formação belga, uma equipa que ajudou a definir nos últimos cinco anos. No entanto, a Quick-Step sempre foi mais reconhecida como potência das Clássicas do que como uma estrutura focada em Grandes Voltas, uma lacuna estrutural que alimenta há muito os rumores da saída do campeão do mundo de contrarrelógio.
Apesar disso, o palmarés do belga com a camisola da Quick-Step é impressionante: vencedor da Volta a Espanha de 2022 (primeiro título numa Grande Volta para a Bélgica em 44 anos), bicampeão da Liège-Bastogne-Liège, campeão mundial de estrada, bicampeão mundial de contrarrelógio e, mais recentemente, terceiro classificado na Volta a França de 2024, onde também venceu uma etapa e conquistou a camisola branca. Com este desempenho, Remco provou que a Quick-Step é capaz de construir uma campanha sólida para a classificação geral à sua volta.
No entanto, permanecem dúvidas quanto à sustentabilidade desse modelo. A Soudal – Quick-Step terá profundidade, orçamento e estrutura suficientes para rivalizar com a UAE Team Emirates – XRG ou Team Visma | Lease a Bike, formações que montaram autênticos blocos em torno de Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard?
Nesse contexto, o nome de Remco é frequentemente associado à INEOS Grenadiers ou à Red Bull – BORA – hansgrohe, duas equipas com poder financeiro, meios humanos e logísticos para apoiar as pretensões do ciclista belga.
Para a INEOS, a chegada de Evenepoel seria mais do que uma contratação: seria uma declaração de intenções. A equipa britânica atravessa uma fase de transição profunda. Os tempos de domínio absoluto com Wiggins, Froome, Thomas e Bernal pertencem já à década passada. Nos últimos anos, faltou um líder sólido para as Grandes Voltas e os resultados ficaram atrás dos principais rivais.
A temporada de 2024 foi sintomática desse declínio: apenas uma vitória em etapas de Grandes Voltas e o adeus atribulado de Tom Pidcock, um dos talentos mais promissores do pelotão.
A entrada de Evenepoel poderia mudar esse paradigma. É, provavelmente, o único ciclista com potencial para rivalizar consistentemente com Pogacar e Vingegaard. Tem provas dadas em todas as frentes: clássicas, mundiais e Grandes Voltas. E, além disso, é um dos ciclistas mais carismáticos e comercializáveis do pelotão.
Contudo, a grande questão é: Evenepoel quer mesmo sair?
Por um lado, a INEOS poderia oferecer-lhe uma estrutura mais robusta, gregários de montanha de elite e um calendário mais personalizado para brilhar nas Grandes Voltas. Por outro lado, na Quick-Step, Evenepoel não é apenas o líder. Ele é a equipa. Tem influência directa no calendário e na estratégia da equipa, algo que dificilmente teria na INEOS, conhecida por um modelo de comando mais hierárquico e orientado por dados.
Além disso, Evenepoel tem uma personalidade intensa e expressiva, o que poderá não encaixar com a cultura interna mais rígida da INEOS. Basta vermos a situação vivida por Pidcock. Ainda assim, a formação britânica parece estar a tentar adaptar-se, como demonstram as mudanças efectuadas no início de 2025.
Muito dependerá, claro, do que a Quick-Step fizer. Se a equipa continuar a fortalecer o plantel e a mostrar ambição real na luta pela classificação geral, Remco poderá não ver razões para sair. Mas se não conseguir capitalizar o sucesso de 2024 ou se surgirem limitações orçamentais, o apelo de um projeto maior poderá crescer, especialmente quando os seus principais rivais estão rodeados por verdadeiros exércitos para as montanhas.
Para a INEOS, a questão é saber se está disposta a reconstruir-se em torno de Evenepoel e se quer pagar o preço, financeiro e cultural, para isso acontecer.
2026 ainda está longe, mas uma coisa é certa: se Remco estiver disponível, a INEOS não será a única interessada. E o jogo será decidido por quem apresentar o melhor projeto, não apenas a melhor proposta.
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