Patrick Lefevere analisa a prestação da Soudal e critica a falta de oportunidades para os sprinters neste Giro: "Se o Mario Cipollini fosse ciclista hoje, nunca teria chegado às 42 vitórias aqui"

Ciclismo
sábado, 24 maio 2025 a 13:40
magnier
Uma das mudanças mais evidentes no ciclismo contemporâneo tem sido a transformação dos percursos nas corridas por etapas, sobretudo nas Grandes Voltas. O desenho mais exigente e irregular favorece os trepadores e os todo o terreno, deixando escassas oportunidades para os sprinters puros. Patrick Lefevere, antigo patrão da Soudal - Quick-Step, não esconde a frustração com a forma como esta tendência comprometeu os objetivos da equipa na Volta a Itália.
“No ano passado ganhámos quatro etapas na Volta a Itália. Agora, estamos a zeros. Sejamos realistas: não vejo como é que isto vai mudar em Roma”, escreveu Lefevere numa coluna sem rodeios publicada no Het Nieuwsblad. “É uma frustração, mas a nossa Volta ficou praticamente comprometida quando o Mikel Landa caiu logo na etapa inaugural”, lamenta o dirigente belga.
Com o abandono do espanhol, as aspirações na geral evaporaram-se. Restava o sprint. E aí, as hipóteses recaíam sobre o jovem Paul Magnier. “Claro que temos o Paul, mas ele sabe que a Volta a Itália não é a Étoile de Bessèges. E não estou a criticá-lo: ele tem apenas 21 anos e está a disputar a sua primeira Grande Volta. Há uma curva de aprendizagem. Teve também a sua quota-parte de azar: sofreu uma queda feia na etapa de Nápoles, mas mesmo assim conseguiu terminar em terceiro. Muito bem”, reconhece Lefevere.
Apesar de passar algo despercebido no pelotão, Magnier tem mostrado consistência nesta Volta a Itália, e poderá ter nova oportunidade na etapa deste sábado, com final em Nova Gorica. A chegada conta com algumas subidas nos quilómetros finais, o que poderá favorecer um sprinter resistente como o francês. No entanto, a concorrência é feroz.
Lefevere recorda ainda as dificuldades enfrentadas pelo francês em 2023: "Teve uma queda grave na Volta à Grã-Bretanha. Subestimámos o impacto e acabámos por o deixar hospitalizado por necessidade. Pagámos esse preço. Mas, a julgar pela prestação em Nápoles, ele superou isso".
Sobre a 12.ª etapa, o dirigente partilhou mais um episódio frustrante: "Na quinta-feira, o Paul ficou desiludido. Estava bem colocado no sprint, mas bateu num buraco e a corrente saltou. Recolocou-a rapidamente e ainda foi oitavo. Mais uma vez, temos de lhe tirar o chapéu. Mas, ao mesmo tempo, foi uma oportunidade perdida".
Com a ausência de Landa, a equipa ganhou margem para procurar resultados em etapas, mas a sorte tem faltado. Mattia Cattaneo não conseguiu concretizar nas fugas, Josef Cerny está lesionado após a queda na etapa 8, e tanto Cattaneo como Ethan Hayter esbarraram com forte oposição nos contrarrelógios.
No que diz respeito às chegadas ao sprint, o panorama também tem sido escasso. “Neste Giro, as oportunidades para sprinters como o Paul foram muito poucas. Se o Mario Cipollini fosse ciclista hoje, nunca teria chegado às 42 vitórias que conseguiu nesta corrida", dispara Lefevere. "Com sorte, tivemos três etapas planas. Fora isso, há sempre alguma subida. E depois temos o Mads Pedersen, que está na melhor forma da sua vida e é praticamente imbatível".
Haverá, em teoria, mais uma oportunidade para os homens rápidos na última semana, e no dia final, em Roma. No entanto, Magnier não estará presente: “Ele vai abandonar a corrida na segunda-feira, durante o dia de descanso. Nesta fase da sua carreira, duas semanas são mais do que suficientes”, revelou Lefevere.
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