Philipsen recorda o abandono do Tour: “Trabalhamos tanto e, de repente, está tudo acabado”

Ciclismo
sexta-feira, 07 novembro 2025 a 13:00
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A época de 2025 ficará gravada na memória de Jasper Philipsen como uma montanha-russa emocional. O velocista da Alpecin-Deceuninck, que abriu o ano com vitória na Kuurne-Brussels-Kuurne, chegou a vestir tanto a Camisola Amarela na Volta a França como a Camisola Vermelha na Volta a Espanha, mas entre esses momentos de glória, enfrentou um dos períodos mais duros da sua carreira.
Em entrevista ao Tutto Bici Web, o belga revelou como o abandono forçado da Volta a França, após fraturar a clavícula ao terceiro dia, o abalou profundamente.
“Passamos meses a preparar-nos para o Tour, concentramo-nos completamente nele e, passados três dias, está tudo acabado”, recordou. “Acabamos na cama durante o resto de julho. Mentalmente, é muito difícil. Trabalhamos tanto para estar lá e, de repente, temos de voltar a concentrar-nos noutra coisa quando a Volta ainda está a decorrer.”

Amizade como terapia

Para um ciclista que vive da rotina e do ritmo competitivo, a pausa forçada chegou na pior altura. Mas Philipsen encontrou a recuperação fora dos treinos, através da amizade e da leveza do convívio.
“Durante três semanas após o acidente não pude correr. Depois voltei a treinar e fui para Espanha com o Mathieu van der Poel, o Gianni Vermeersch e os outros”, contou. “Divertimo-nos muito, sem stress nem pressão. Isso ajudou-me a ultrapassar a situação e a encontrar a minha motivação novamente. Se tivesse estado sozinho, teria sido muito mais difícil recuperar.”
A temporada acabou por ser uma história de resiliência. No final do verão, o belga regressou às vitórias, três etapas na Vuelta, e encerrou o ano com um sentimento de orgulho renovado.
“Não foi o meu ano de maior sucesso em termos de número de vitórias, mas estou orgulhoso por ter vestido a camisola amarela no Tour e a vermelha na Vuelta na mesma época. Isso é algo de especial.”

Liberdade e responsabilidade dentro da Alpecin-Deceuninck

Philipsen destacou ainda o papel da estrutura da equipa no seu processo de maturação. Na Alpecin-Deceuninck, explica, a liberdade anda de mãos dadas com a responsabilidade.
“Temos bastante liberdade para decidir como treinar, o que é bom porque nos dá espaço mental e permite passar tempo com a família. Mas também significa assumir a responsabilidade, cabe-nos preparar-nos adequadamente e criar as condições certas para as Clássicas.”
É uma abordagem que reflete o espírito da equipa belga: confiança, autonomia e profissionalismo, características que têm sustentado o seu sucesso tanto nas Clássicas como nas Grandes Voltas.

O ciclismo como emoção, e a adrenalina como motor

Mais do que uma questão física, a recuperação de Philipsen foi um exercício emocional.
“O ciclismo é um desporto de emoções, todos os desportos o são”, afirmou. “É a paixão e a emoção que nos fazem continuar. Sem isso, não atingimos os nossos objetivos.”
Aos 27 anos, o sprinter volta a encarar o futuro com o mesmo fogo que o levou ao topo.
“Depois de tudo o que passei, percebi que o que me move é a adrenalina. Quando parar de correr, vou definitivamente procurar algo que me dê a mesma sensação”, disse, entre risos. “Vou precisar dela.”
Depois de um ano que o testou física e mentalmente, Jasper Philipsen reencontrou o equilíbrio entre ambição e prazer, e entra em 2026 com a convicção de que o segredo do sucesso está tanto na força das pernas como na força do coração.
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