"Pogacar quer Ayuso fora imediatamente" - Zonneveld considera que Pogacar teve influência na saída de Ayuso da Emirates

Ciclismo
quinta-feira, 04 setembro 2025 a 8:39
Ayuso
A saída de Juan Ayuso da UAE Team Emirates - XRG domina as conversas da Volta a Espanha 2025, mas, como lembra Thijs Zonneveld, as fissuras já estavam criadas muito antes da bandeira de partida em Itália.
“Há um ou dois anos que se prevê isto. Não é preciso ser vidente para ver que isto estava a ser preparado há muito tempo. Que este espetáculo já dura demasiado”, afirmou o analista no podcast In de Waaier. Para Zonneveld, não se trata de um choque repentino, mas sim do culminar de uma convivência mal resolvida entre personalidades fortes e ambições incompatíveis.

Pogacar e Ayuso: uma dupla impossível

Zonneveld recorda que as fissuras ficaram expostas já na Volta a França 2024, quando Ayuso correu “para si próprio” em etapas cruciais, mesmo contra o interesse coletivo. “Todos vimos o Tour, com a etapa do Galibier. Nessa altura, Almeida já estava farto. O Ayuso fazia uma etapa de meia tigela e acabava em terceiro atrás do Pogacar (e Evenepoel)”, ilustrou.
A convivência entre Pogacar e Ayuso tornou-se insustentável: “O Pogacar quer que o Ayuso saia imediatamente. Ele é o único líder da equipa. O Ayuso estava guardado para as Grandes Voltas sem Pogacar, mas isso já incomodava o esloveno, que tinha de ajustar o calendário em função dele”, explicou o neerlandês.

Ambição sem fim e impopularidade interna

Para Zonneveld, a postura de Ayuso é clara: ambição pura, mesmo que à custa do coletivo. “Ele só quer ganhar. Não se preocupa com mais ninguém”, analisou. O Giro 2025 já tinha deixado marcas: vitória numa etapa, queda de rendimento logo depois e abandono precoce, sem nunca ter protegido Isaac Del Toro. “Andava com cara de poucos amigos, não fez nada por ninguém e desapareceu da corrida. É natural que isso o tenha tornado impopular no grupo em pouco tempo”, resumiu.
Com tantos líderes na estrutura, o espanhol acabou isolado. A UAE, garante Zonneveld, “é a equipa de Pogacar”, e quando o esloveno fecha a porta a alguém, o resto do bloco segue. “Se o Pogacar está contra ti, estás a cavar a tua própria sepultura. Isso vale para ciclistas e também para Gianetti e Matxin”, disse.

A Vuelta como espelho

Na prática, Ayuso entrou na Vuelta com mentalidade de lobo solitário. “Pensou desde o início: vou sair daqui. Se conseguir lutar pela geral, tento. Se não der, vou atrás de etapas. Mas definitivamente não vou trabalhar para mais ninguém.”
O guião confirma-se: abandono da luta pela classificação geral logo na primeira semana, vitória de prestígio em Cerler na 7ª etapa e, na 10ª, trabalho pontual para João Almeida, ainda que longe de uma dedicação incondicional.

O que está por vir

O futuro imediato parece apontar para a Lidl-Trek, embora Zonneveld aponte a Movistar como uma alternativa com capacidade financeira e vontade de o transformar em líder único. A questão, no entanto, vai para lá da camisola que vestir em 2026: Ayuso terá de provar que não é apenas um talento individualista, mas alguém capaz de integrar-se num projeto coletivo sem se tornar, como agora, uma peça fora do puzzle.
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