Antevisão da 14ª etapa da
Volta a Espanha 2025. Depois do Alto de l'Angliru o pelotão enfrenta mais uma etapa de montanha brutal com um final em alto na La Farrapona. Será que
João Almeida vai conseguir reduzir mais tempo para a liderança de
Jonas Vingegaard? Será que o ciclista da Visma irá querer vingança? A etapa tem início previsto para as 12h50 e termina pelas 16h10.
Perfil
Avilés - Alto de la Farrapona, 135,9 quilómetros
A 14ª etapa conduz o pelotão até ao Alto de la Farrapona, numa jornada relativamente curta mas com uma segunda metade muito exigente, onde se esperam novas diferenças importantes na luta pela classificação geral. Depois da dureza das etapas anteriores, esta poderá revelar-se ainda mais perigosa para os homens da geral, que terão de gerir o desgaste acumulado para voltarem a estar à altura de um final decisivo.
Apesar da meta em alto ser o grande ponto de interesse, esta não é uma etapa que se resuma a uma única subida. O Alto de San Lorenzo, penúltima ascensão do dia, é por si só uma subida de enorme dureza, capaz de provocar estragos sérios.
São 10 quilómetros a 8,6% de média, com os últimos 5 quilómetros acima dos 10% e sem qualquer zona de descanso. É uma subida regular, asfixiante e extenuante, que poderá castigar fortemente quem não esteja num bom dia. O topo surge a apenas 34 quilómetros da meta, deixando pouco espaço para recuperação.
A decisão, no entanto, deverá chegar na La Farrapona. A subida final tem oficialmente 17 quilómetros, embora se possa considerar mais longa devido aos falsos planos que a antecedem. A fase decisiva está guardada para os últimos 7 quilómetros, onde a inclinação média se fixa nos 8,5%. Será aí que os trepadores terão de atacar, transformando a etapa numa nova batalha entre os candidatos à vitória final.
Mapa da 14ª etapa da Volta a Espanha 2025
O tempo
O vento forte de sul lateral na última subida, num troço exposto que favorecerá quem procurar abrigar-se na roda. Não é o cenário ideal para os ciclistas que ambicionam abrir diferenças.
Os Favoritos
Jonas Vingegaard - Hoje ele levantou uma questão interessante: porque é que não assumiu a frente da corrida para tentar vencer a etapa? Aparentemente faltaram-lhe pernas, o que é revelador, já que na subida do Angliru não tinha dado essa sensação. Isso confirma que temos uma batalha real e equilibrada pela vitória na geral. Num final com descida técnica, a vitória estava praticamente assegurada para quem entrasse na frente e Vingegaard não conseguiu ultrapassar João Almeida. Foi falta de pernas ou, por outras palavras, a força do português. O que podemos afirmar com certeza é que a Visma já não vai gastar energias a perseguir fugas durante todo o dia, apenas para discutir uma etapa. Vingegaard mantém-se líder e continua a ser o homem a bater, mas não pode limitar-se a correr de forma defensiva, sempre na roda de Almeida. Se tiver pernas, e esta etapa dura pode ser propícia a isso, deve atacar para tentar ganhar tempo à concorrência
João Almeida - O ciclista da Emirates ganhou certamente motivação com o dia de hoje, ao ver a sua equipa a conduzi-lo com autoridade nas subidas, sempre à frente de Jonas Vingegaard. Reduzir a diferença será sempre difícil, mas não é impossível. Nesta subida, o vento pode atrapalhar os seus planos para tentar fazer a diferença, mas é garantido que tentará. Depois do poderoso desempenho no Angliru, estará mais confiante do que nunca.
Luta pelo pódio - A luta pelo pódio promete ser igualmente interessante. Infelizmente, estes ciclistas parecem estar um patamar abaixo do Top 2, pelo que é provável que se limitem a seguir a Visma e a Emirates, fazendo depois a sua própria corrida, em vez de se atacarem diretamente. Ainda assim, as diferenças são curtas. Tom Pidcock defende 42 segundos sobre Jai Hindley e 57 sobre Felix Gall. Numa etapa deste calibre, essa vantagem pode evaporar-se, mas o britânico está a viver uma Vuelta de afirmação e pode muito bem segurar a posição... pelo menos por agora.
A BORA dispõe dos homens certos para endurecer o ritmo e colocar Pidcock sob pressão, mas Giulio Pellizzari está focado na luta pela Camisola Branca e, com Matthew Riccitello na sua roda, não haverá espaço para brincadeiras. Ambos deverão manter-se entre os primeiros, enquanto os restantes, à exceção de Sepp Kuss e Matteo Jorgenson, dificilmente terão pernas para acompanhar e acabarão por ceder terreno.
Fuga - As hipóteses da fuga vingar são bastante reais. A esta altura da corrida, muitos ciclistas já ganharam liberdade e, após o desgaste no Angliru, será natural vermos nomes fortes a tentarem antecipar-se ao pelotão. O cenário, no entanto, não é linear. A Visma não tem grande interesse em endurecer a corrida, mas a UAE Team Emirates - XRG tem motivos para pressionar e tentar dar sequência ao êxito alcançado por João Almeida, o que pode complicar os planos de quem tentar escapar.
Outra variável a ter em conta é a colocação de elementos das equipas de topo na fuga. Numa jornada com o Alto de San Lorenzo como ponto decisivo, poucos ciclistas conseguirão resistir se o ritmo for elevado no pelotão. Por isso, colocar homens na fuga pode ser tanto uma jogada ofensiva como uma garantia de apoio nas fases mais duras da etapa.
Abel Balderstone, Santiago Buitrago, Bob Jungels, Harold Tejada, Juan Guillermo Martinez, Eddie Dunbar, Mikel Landa e Javier Romo são os homens a ter em conta.
Previsão Volta a Espanha 2025 - 14ª etapa
*** Jonas Vingegaard, João Almeida
** Jai Hindley, Javier Romo, Harold Tejada
* Sepp Kuss, Giulio Pellizzari, Matthew Riccitello, Felix Gall, Tom Pidcock, Mikel Landa, Santiago Buitrago, Abel Balderstone, Bob Jungels, Eddie Dunbar
Escolha: João Almeida
Original: Rúben Silva