"Queremos correr o risco de a passar para março ou abril?" Joaquim Gomes responde às críticas sobre perda de qualidade da Volta a Portugal

Ciclismo
sábado, 09 agosto 2025 a 11:54
prólogo volta a portugal
Há dois dias, demos a conhecer a opinião dos diretores desportivos do pelotão nacional sobre a perda de nível qualitativo da Volta a Portugal, ao longo dos últimos anos, com muitos a sugerirem uma subida de escalão da prova, de modo, a atrair as grandes equipas e os grandes ciclistas. Em resposta a essas declarações, o diretor de corrida da Volta a Portugal, Joaquim Gomes, em conversa com o Jornal O JOGO, admite que uma subida de escalão é desejável, mas alerta que para atrair grandes equipas será preciso alterar profundamente a data da prova.
"A Volta a Portugal esteve num escalão superior até 2009, na altura designado como HC. Como a União Ciclista Internacional começou a licenciar muitas provas para o mês de agosto, e em países de onde as equipas eram oriundas, passámos a ter bastantes dificuldades em ter cá equipas World Tour e cumprir com o regulamentado, além de essa categoria nos impedir de convidar equipas continentais estrangeiras, gerando o risco de termos um pelotão de 80 corredores. A solução foi baixar de categoria". clarificou Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal, sobre a presença da Grandíssima no terceiro escalão mundial (2.1). A maioria dos diretores desportivos das equipas lusas é a favor de nova subida, para o escalão Pro Series, a categoria da Volta ao Algarve, mas Gomes lembra que isso deve ser analisado com cautela.
A edição de 2025 conta com nove equipas portuguesas e sete estrangeiras do mesmo terceiro escalão (Continental), com apenas 1 equipa do segundo escalão (ProTeam), tem gerado preocupações entre os técnicos, que temem estar o ciclismo a perder popularidade, mas o diretor da corrida considera que Portugal continuará a "não conseguir chamar o mínimo de equipas World Tour e ProContinentais".
"Subir também é do nosso interesse, mas é necessária uma discussão de fundo, até porque a Volta pertence à Federação Portuguesa de Ciclismo e só essa pode analisar a possibilidade de alterar as datas", disse Gomes, apontando a uma solução radical: "Para ter as maiores equipas teríamos de deixar cair algumas das premissas que fizeram da Volta o que ela é, em agosto, com os portugueses de férias. Queremos correr o risco de a passar para março ou abril? E recordo que a Volta ao Algarve, se fosse em julho ou agosto, não teria as mesmas equipas".
Outra via seria reforçar o orçamento, mas Gomes admite que não há margem: as atuais equipas estrangeiras custam mais de mil euros por dia, num total de 17 a 20 mil euros por equipa. "Que orçamento têm as World Tour? Talvez de dez a 15 milhões, e as mais baratas. Se somarmos o de todas as equipas portuguesas, mais os três milhões da Volta a Portugal, mais o valor das restantes provas nacionais, eventualmente não chegamos a tanto", refere. Para convencer as principais formações, seria necessário investir "40 a 50 mil euros" por equipa, e mesmo assim sem garantias, já que "eles sabem que é uma corrida com muita montanha, de quebra-pernas, como dizem, e com temperaturas diárias acima de 30 graus".
O cenário internacional também não ajuda. Durante a Volta realizam-se nove provas com chancela da UCI, incluindo quatro de escalões superiores – Volta a Burgos, Volta à Polónia, Artic Race e Volta à Dinamarca. Com tanta oferta, as grandes equipas dividem-se e nem todas conseguem enviar formações para todos os eventos.
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