Ralph Denk fala da transformação na Red Bull - BORA - hansgrohe: "É preciso muito dinheiro para estares entre as melhores"

A Cycling News falou com Ralph Denk, o CEO da RedBull - BORA - hansgrohe, sobre a transformação da equipa desde que a Red Bull adquiriu uma participação de 51% na sua gestão. Reflectindo sobre esta decisão, Denk expressou a sua satisfação com a parceria e as oportunidades que esta abriu.

"Para ser sincero, é preciso muito dinheiro para ser uma das melhores. Também tive algumas conversas e negociações com investidores de países árabes. Mas para mim, isso não seria correto", partilhou Denk. "Depois conversei com a Red Bull, que fica a apenas 45 minutos da minha cidade natal na Baviera. Falamos a mesma língua e o entendemo-nos bem e fiquei com uma sensação muito boa. Acho que após seis meses, tomei a decisão certa ao apontar tão alto."

A parceria com a Red Bull já deu frutos, com a equipa a conquistar a Volta a Espanha por Primoz Roglic, no passado mês de setembro. Reflectindo sobre os benefícios do envolvimento da Red Bull, Denk sublinhou o apoio global que eles dão à equipa. "A Red Bull apoia-nos muito em diferentes áreas: desempenho desportivo, desempenho mental, em aspectos técnicos, onde existe uma ligação entre o ciclismo e a Fórmula 1, mas também na nutrição, que acreditamos poder vir a ser um fator de mudança", disse Denk.

"Há também muitas áreas em que podemos investir agora. Os nossos recursos, em termos financeiros, foram sempre limitados no passado, nem sempre foi fácil para mim orientar a equipa da forma correta e tomar sempre decisões equilibradas. Mas agora o potencial é enorme".

Apesar de ter vendido uma participação maioritária, sublinhou que o seu papel de líder se mantém inalterado: "Eu, enquanto Diretor Executivo, posso decidir mais ou menos tudo. Isto é importante para mim. Para ser um verdadeiro líder e um decisor, não apenas no papel, porque já o tinha feito antes", explicou. "Assumo sempre o risco financeiro e tudo o mais - a partir daí, nada mudou para mim. Mas, por outro lado, temos o enorme apoio e o potencial da Red Bull."

O primeiro ano da parceria não ficou isento de desafios. "Os nossos parceiros tinham grandes expectativas para a Volta a França e nós confessámos tudo. Foi a nossa pior Volta à França desde 2014, que foi a nossa primeira Volta à França como equipa", afirmou. "O Tour foi difícil para nós, mas mantivemo-nos calmos, preparámo-nos para a Vuelta, acreditámos em nós próprios e tivemos sucesso", continuou a análise.

Um dos principais destaques da época de 2024 foi a chegada de Primoz Roglic, cuja integração na equipa teve os seus próprios desafios. "Penso que o segundo ano do Primoz será mais bem sucedido do que o primeiro, porque quando ele chegou aqui nunca tinha estado num ambiente diferente do da Jumbo-Visma. Foi a primeira vez na sua carreira de ciclista que ele passou por um ambiente diferente e teve de se adaptar, o que dá muito trabalho", disse Denk.

"Foi sem dúvida um choque cultural. Todas as equipas têm o seu próprio ADN e a sua própria abordagem ao ciclismo, mas penso que conseguimos gerir bem a situação e agora ele está muito bem integrado."

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