Faltam 11 etapas para o final da
Volta a França 2025 e a luta pela camisola amarela começa a intensificar-se.
Ben Healy lidera a corrida à entrada do primeiro dia de descanso, mas todas as atenções continuam centradas em
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard. Ainda assim,
Remco Evenepoel, segundo classificado, continua à espreita e talvez esteja a passar despercebido.
Na análise à 10ª etapa e à primeira metade da corrida, Renaat Schotte e
Jose De Cauwer, comentadores da Sporza, começaram por destacar a prestação de Ben Healy. "Ele já nos tinha surpreendido com a vitória na etapa, que foi notável, e agora de novo, juntamente com os seus colegas de equipa Sweeny e Baudin. Fizeram um golpe e funcionou. Foi executado de forma brilhante", afirmou De Cauwer.
Apesar do feito do irlandês da
EF Education-EasyPost, os dois analistas veem Healy como uma figura de transição e não como candidato real ao pódio. "Isso vai ser difícil. Este foi o momento dele e ele pode aguentar mais um dia, mas quando chegarem as verdadeiras subidas, ele vai ter de se sentar. Mesmo assim, ele já teve o seu dia de sol", acrescentou De Cauwer. "Já queimou demasiados fósforos. Isto não é correr para a geral, é dar tudo por tudo, usar tudo o que se tem. E com sucesso, devo acrescentar".
Na frente da corrida pela geral, a
Team Visma | Lease a Bike voltou a impor ritmo e tentar aplicar a sua habitual estratégia de desgaste. Pogacar, contudo, resistiu sem dificuldades. "Em muitos aspetos, parecia uma clássica de um dia, com a Team Visma | Lease a Bike mais uma vez a tentar aplicar a sua muito discutida estratégia de fadiga", observou Schotte. Mas De Cauwer mostrou-se menos impressionado: "Parece que prejudicaram tanto o Vingegaard como o Pogacar".
Apesar do esforço da Visma nas primeiras dez etapas, Vingegaard entra no dia de descanso a 1:17 de Pogacar e 17 segundos atrás de Evenepoel. Um dado que levanta dúvidas sobre a atenção (ou falta dela) dedicada ao belga da
Soudal - Quick-Step. Nem Pogacar nem Vingegaard reagiram ao ataque de Evenepoel na última subida da etapa 10.
Remco Evenepoel parece continuar um patamar abaixo de Pogacar e Vingegaard
"Se me perguntarem, quando vi que o Vingegaard podia ter distanciado o Evenepoel no final, e não o fez, então ou não se atreveu, ou não conseguiu, ou simplesmente não se importou", comentou De Cauwer. "Talvez se tenha concentrado apenas em Pogacar... Ou talvez tenha reparado em algo que nós não reparámos, sentiu que Evenepoel já estava a lutar, por isso não se deu ao trabalho de puxar. Talvez ele soubesse que ele voltaria sozinho".
Evenepoel acabou por ser ultrapassado na linha de meta, perdendo seis segundos para Pogacar e Vingegaard. "Ele podia ter perdido muito mais, sejamos honestos. Se Pogacar quisesse mesmo defender a amarela, Remco teria perdido meio minuto, mesmo com Vingegaard a reboque", continuou De Cauwer. "Mas, claramente, eles ainda não estavam preocupados com a alta montanha. Esta foi uma etapa de transição, mas disse-nos algumas coisas".
A batalha segue agora com três protagonistas, ainda que dois estejam um passo à frente. "Continua a ser muito, mais do que nunca, até, uma batalha pelo primeiro e segundo lugar. Quem é que vai ser o terceiro? Em teoria, é Remco Evenepoel. Ele já deu um golpe em Vingegaard no contrarrelógio", concluiu De Cauwer.