Com a chegada do primeiro dia de descanso da
Volta a França 2025 esta terça-feira,
Jonas Vingegaard encontra-se a 1:17 de
Tadej Pogacar na classificação geral. Apesar da desvantagem, o dinamarquês e a
Team Visma | Lease a Bike mantêm um discurso confiante, algo que deixou
Bjarne Riis algo perplexo.
"Apesar de Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar terem cruzado a meta juntos, o que significa que não houve alterações na classificação geral, aprendemos algumas coisas", começou Riis,
na sua análise para o BT.dk após a 10ª etapa. "Deixe-me começar com a subida final, onde Vingegaard estava colado à roda do esloveno e optou por não ir para a ofensiva, apesar do facto de ser ele quem precisa de ganhar tempo".
Antes da etapa, Riis já tinha alertado que a contenção seria a melhor estratégia a seguir por parte do seu compatriota. E, no rescaldo, reconhece que não atacar poderá ter sido a decisão mais sensata. "Muitos fãs ficaram provavelmente desiludidos por o Jonas não ter tentado um ataque. E talvez, em retrospectiva, ficar quieto tenha sido a opção mais sensata. Não foi bonito, mas pode ter sido a atitude mais inteligente, evitando o risco de um contra-ataque de Pogacar, se ele se tivesse lançado e fosse apanhado", explicou. "Ainda assim, há uma coisa que me intriga".
Vingegaard não colaborou um único momento com Pogacar, quando se isolaram no final da 10ª etapa
Riis mostra-se reticente quanto à forma como Vingegaard descreveu o seu estado físico após a etapa, sublinhando que as palavras não coincidiram com as ações. "Depois da etapa, Jonas mal se conseguiu conter, dizendo que se estava a sentir 'insanamente forte'. Para mim, isso soa um pouco a falso quando ele não fez uma única tentativa para colocar Pogacar sob pressão", disse. "Não se pode simplesmente dizer que se está a voar e depois não atacar. Na minha opinião, isso é um erro. Também é um pouco desastroso quando, como fez a Team Visma | Lease a Bike, se anuncia a etapa como selvagem e espetacular, mas no final não acontece absolutamente nada".
A análise do antigo vencedor do Tour passa ainda por uma leitura estratégica. "Francamente, estou desiludido por ouvir Jonas falar da força que sente sem a apoiar com ações. Ele precisa de acreditar que pode sobreviver a um contra-ataque de Pogacar. Mas, neste momento, não me parece que ele se atreva a testá-lo", continua. "Ainda no outro dia, expliquei como Jonas precisa de correr riscos, que tem de estar disposto a perder segundos para ganhar minutos. Talvez ele tivesse perdido 10 segundos a tentar atacar Pogacar, mas pelo menos tê-lo-ia obrigado a ir mais a fundo".
Riis clarifica que não critica a falta de ataque em si, mas sim a contradição entre discurso e atitude. "Não me interpretem mal, não estou a dizer que foi um erro o Jonas não ter atacado. Só se torna um erro quando depois ele afirma que se estava a sentir fantástico. Do meu ponto de vista, Vingegaard simplesmente não tem muita escolha neste momento. Enquanto Pogacar estiver neste estado de forma, não há como vencê-lo", defende. "A única explicação lógica que consigo ver para o facto de Jonas não atacar é que não se queria expor e faz sentido conservar energia. Ele está claramente a apostar em ser capaz de fazer a diferença na última semana. É uma estratégia válida, e nós só temos de ser pacientes nas nossas salas de estar".