É um dos trepadores mais dominantes do ciclismo moderno, bicampeão da
Volta a França, e o grande rival de Tadej Pogacar. No entanto,
Jonas Vingegaard continua a ser uma incógnita nas corridas de um dia. Numa entrevista recente, o dinamarquês da
Team Visma | Lease a Bike falou sobre as suas dificuldades nas clássicas, o desafio de conciliar duas Grandes Voltas por temporada e o equilíbrio entre a vida familiar e a carreira.
“Talvez devesse testar novas abordagens”
Apesar do seu talento inquestionável nas montanhas, Vingegaard reconhece que a sua adaptação às clássicas ainda está longe do ideal. “Gostava muito de me destacar nas clássicas. Há ciclistas que fazem três horas de corrida intensa no dia anterior a uma grande clássica. Não sei se essa é a receita certa, mas talvez devesse experimentar essa abordagem um dia destes”, admitiu.
A falta de consistência nas provas de um dia tem intrigado o próprio dinamarquês, que se mostra perplexo com as diferenças de rendimento entre as corridas de etapas e as clássicas. “Nas provas longas, consigo manter-me ao mais alto nível. Mas nas clássicas, por vezes, o corpo simplesmente não responde da mesma forma.”
Nos Campeonatos da Europa de 2025, Vingegaard pôs o pé no chão cedo, abandonando a mais de 100 quilómetros da meta, um resultado que evidenciou, mais uma vez, a dificuldade em encontrar o equilíbrio certo para este tipo de corrida.
“Não penso no Pogacar, concentro-me em mim”
Questionado sobre a influência de Tadej Pogacar, o seu eterno rival e referência em qualquer terreno, o dinamarquês mostrou-se pragmático. “Não levo em conta se o Pogacar está presente ou não. Estamos focados em nós próprios e nas nossas ambições.”
Depois de ter mostrado boa forma na Volta a Espanha 2025 , Vingegaard garante que a experiência serviu para retirar ilações. “Antes de ficar doente, estava em plena forma. Parece-me que posso fazer duas Grandes Voltas no mesmo ano”, afirmou, mostrando abertura a repetir o duplo desafio no futuro.
Mas o ciclista da Visma também reconhece que a dificuldade não está apenas no desgaste físico. “O mais duro é o lado psicológico. Estar tanto tempo longe de casa, com uma família jovem, é exigente. São muitos dias fora e isso pesa.”
A sua esposa e filha acompanham de perto as longas ausências e o dinamarquês admite que a vida de ciclista profissional é um exercício constante de equilíbrio.
“Não penso na reforma. Ainda tenho muito para dar”
Apesar das temporadas intensas e da pressão constante, Jonas Vingegaard não pensa em parar tão cedo. “Será que aos 36 anos ainda estarei a correr? Ainda falta muito tempo. Não quero excluir nada, mas levo as coisas como elas são. Quando chegar o dia em que já não tiver vontade, então paro.”
Com 29 anos, o dinamarquês mantém-se no auge da carreira e é, para muitos, o segundo melhor trepador do mundo, apenas atrás de Pogacar. Depois de duas vitórias na Volta a França e vários pódios em Grandes Voltas, o seu próximo grande desafio poderá passar precisamente por expandir o seu palmarés para lá das montanhas, talvez com um olhar mais sério para as clássicas.